quinta-feira, 30 de abril de 2009

A deliciosa leveza do ser


Estou me deliciando com a leitura do livro de Danuza Leão Fazendo as malas (Companhia das Letras, 2008). Trata-se da narração bem-humorada de uma viagem que Danuza fez à Europa e de suas impressões ao passar por Sevilha, Lisboa, Paris e Roma. São dicas de restaurantes, hotéis, lugares charmosos e outros endereços para fazer compras que dão imediatamente vontade de fazer as malas e, com passo firme e cabeça erguida, partir à conquista do Velho Continente, brandindo o cartão de crédito e clamando “abre-te Sésamo!”.

Não se trata de um desses cansativos guias de sobrevivência de globetrotters que acham que viagem rima com mochila nas costas, tênis e bolsos furados, e carona. Nem de um guia turístico cheio de inumeráveis informações onomatopeicas de hotéis, museus e restaurantes.

A viagem que Danuza propõe é um elegante passeio pelas riquezas culturais, arquiteturais e pela culinária desses lugares. Longe de ser frívolo, esse livro é um percurso eminentemente saudável, que nos proporciona um reencontro com nossos cinco sentidos.

Aliás, há algo proustiano no périplo de Danuza, nesse retrato de certa mundanidade, porém sem pedantismo, nessa arte do savoir-vivre. E ao nos juntarmos à autora, para conhecer pela leitura os lugares que visitou, as pessoas que encontrou, as comidas que saboreou, encontramo-nos “num tempo da delicadeza”, talvez aquele mesmo dos versos da canção de Chico Buarque “Todo o sentimento”. E essa é a qualidade da autora, a de tornar a leitura do livro uma viagem em si, no país da leveza e da delicadeza, algo raro nos tempos atuais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário