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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dandy Daho

Étienne Daho acaba de lançar um CD e DVD duplo do show que fez em 3 de dezembro de 2008 na Salle Pleyel, em Paris, trabalho que certamente é uma ótima introdução ao universo deste cantor e compositor, sem dúvida um dos mais importantes da chanson française dos últimos trinta anos.

Nascido em Oran, na Argélia, em 1956, Étienne Daho iniciou sua carreira no fim dos anos 1970 e fez parte da cena rock da cidade de Rennes que naquela época trouxe aos palcos franceses muitos artistas importantes, entre os quais Elli Medeiros, Jacno e as bandas Stinky Toys e Marquis de Sade (veja a respeito deste último grupo a matéria postada neste blog:
http://metreno.blogspot.com/2009/04/play-it-again-sam-marquis-de-sade.html).

Após o primeiro disco, Mythomane (1981), produzido por Jacno, Daho logo conhece o sucesso com os discos La Notte, la notte (1984), que traz o sucesso “Week-end à Rome”, até hoje referência do estilo electro/new wave francês, Pop Satori (1986) com produção, entre outros, de William Orbit, e Pour nos vies martiennes (1988), com o qual Daho estende seu sucesso a outros países, entre os quais a Inglaterra, apresentando-se no lendário Marquee e trabalhando com diversos artistas, como Chris Isaak.

Paris ailleurs (1991) o consagra definitivamente como um dos artistas franceses de maior importância, com nada menos que 5 músicas lançadas em single, entre as quais, “Saudade” e “Comme un igloo”. Segue-se uma turnê por 14 países que fortalece o sucesso internacional do cantor.

Após Reserection (1995), EP escrito e gravado com a banda inglesa Saint Etienne e que traz o sucesso “Jungle Pulse”, Daho lança Eden (1996), que, apesar de não ter sido bem recebido por parte do público, sem dúvida é um dos seus trabalhos mais ambiciosos e pessoais, notadamente com a participação de Astrud Gilberto na faixa “Les bords de Seine” e dos Swingle Singers.

A partir daí, Daho vai desenvolver uma parceria muito bem-sucedida com a dupla Les Valentins, com a qual lança três ótimos discos, Corps et armes (2000), Réévolution (2003), que conta com a participação de Charlotte Gainsbourg e Marianne Faithfull, e L’invitation (2006), este último acompanhado do EP Be My Guest Tonight, de 5 faixas, entre as quais uma ótima regravação de “Cirrus Minor”, do Pink Floyd.

Considerado um ícone da cena pop francesa, Daho tem um universo musical de várias facetas, desde o Velvet Underground até Serge Gainsbourg, ou ainda os Beach Boys ou David Bowie. Ele costuma também desenvolver parcerias, tendo assim trabalhado com Françoise Hardy, Jane Birkin, Vanessa Paradis, Sylvie Vartan, Coralie Clément, Alain Bashung ou a banda Air.

Em 2008 é lançado o songbook Tombés pour Daho, em que vários artistas interpretam suas canções, entre os quais Benjamin Biolay, Sébastien Tellier, a dupla Ginger Ale e Sébastien Schuller.

É possível encontrar no Brasil, importados, alguns dos CDs de Daho, e vale lembrar que sua gravação da música de Edith Piaf “Mon manège à moi” acabou sendo sucesso aqui como parte da trilha sonora da telenovela Paraíso t
ropical (2007), em que era o tema de Bebel (Camila Pitanga) e Olavo (Wagner Moura).

Daho Pleyel Paris (2009) traz o DVD e CD do show, com participação de Marianne Faithfull, Jane Birkin, Charlotte Gainsbourg, Camille e Katerine, além de um DVD repleto de extras sobre a carreira do artista e a ultima turnê.

Concomitantemente, a Fnac da França deu carta branca ao cantor, que, por meio de uma coletânea, apresenta artistas atuais de seu gosto, entre os quais Peter Doherty e as bandas Au Revoir Simone, The Last Shadows Puppets e Phoenix, provando assim que Daho continua antenado na cena rock e pop internacional, principalmente inglesa.

Maiores informações estão disponíveis no site
www.etiennedaho.com e na página http://www.myspace.com/etiennedaho.

Os “facebookers” podem acessar e se cadastrar no http://www.facebook.com/EtienneDaho

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Maurane – Nougaro ou l’espérance en l'homme

A cantora Maurane acaba de lançar o disco Nougaro ou l’espérance en l'homme, em que homenageia o cantor e compositor Claude Nougaro.

Claude Nougaro (1929-2004) foi sem dúvida um dos nomes mais importantes da música francesa dos últimos 50 anos. Nascido em uma família de músicos (o pai era cantor lírico e a mãe pianista), ele começou sua carreira no fim dos anos 1950, em parceria com Michel Legrand, e obteve seus primeiros sucessos no meados dos anos 1960, com músicas como “Une petite fille” e “Cécile, ma fille”. Os anos seguintes vão ser marcados pela colaboração de Nougaro com o pianista de jazz Maurice Vander, com o qual trabalhará por toda a sua carreira. Nougaro sempre procurou a excelência musical, o que o levou a colaborar com ótimos músicos nacionais e internacionais, entre os quais, Eddy Louiss, Pierre Michelot, Michel Colombier, Michel Portal, Aldo Romano, Didier Lockwood, Ornette Coleman e, ainda, Marcus Miller.

Nougaro sempre foi notável pela excepcional qualidade de suas letras e pela forma como soube transcender a sempre difícil arte de fazer versões de canções estrangeiras sem deturpar a essência primeira das obras. Assim, além do jazz – Nougaro escreveu letras em francês para obras de Charles Mingus, Thelonious Monk, Wayne Shorter, Louis Armstrong, Dave Brubeck, Sonny Rollins –, outros ritmos tiveram uma influencia inegável na carreira dele: a música africana, principal inspiração do magnífico disco Locomotive d’or (1973), e a música brasileira. Em 1963 Nougaro veio ao Brasil, e então começou uma história de amor com a música popular brasileira. Essa relação o fez escrever lindas versões para o francês de músicas como “Berimbau” (Vinícius de Moraes/Baden Powell), “O que será” (Chico Buarque) e “Viramundo” (Capinan/Gilberto Gil), que se tornaram grandes sucessos na voz do cantor, além de trabalhar com Baden Powell, então radicado na França.

Por sua vez, Maurane, cantora belga, iniciou sua carreira no começo dos anos 1980 ainda sob o nome artístico Claude Maurane. A partir de 1988, com o disco Danser... e principalmente Maurane (1989), começou a conhecer um grande sucesso na França e em vários países francófonos.

Dotada de uma das mais belas, profundas e afinadas vozes atuais, e de incontestável presença cênica, Maurane vem desenvolvendo uma bem-sucedida carreira com mais de dez discos, entre os quais os excelentes Ça casse (1991), Toi du monde (2000) ou ainda Quand l’humain danse (2003), em que mistura com muito êxito influências da chanson, do jazz, do swing e de ritmos de outros países. Assim como Nougaro, Maurane sempre se aproximou da música brasileira e, ainda em 1989, gravou duas faixas, “Pas gaie la pagaille” e “Fais soleil”, com a participação de Les Étoiles, dupla de cantores brasileiros que teve muito sucesso na França nos anos 1970 e 1980.

Maurane nunca escondeu que uma de suas maiores influências tenha sido Claude Nougaro, e não é surpreendente que esteja agora prestando sua homenagem ao artista neste novo disco. Como escreve no seu site http://www.maurane.be/ a respeito desse projeto: “A obra de Claude me marcou profundamente por sua poesia, musicalidade e a sensualidade que ele mostrava no palco. [...] Antes de mais nada, Claude era um esteta, um homem dedicado à beleza...”

Com os arranjos, swingados mas também delicados, de David Lewis, Fred Pallem, Louis Winsberg, Dominique Cravic e Les Primitifs du Futur, Maurane relê de forma magnífica 16 canções do compositor, entre as quais “Armstrong”, “Toulouse”, “La pluie fait des claquettes” ou “Il faut tourner la page”. De novo, a música brasileira está presente nas interpretações de “Tu verras” (O que será), com a participação do cantor Calogero, e “Bidonville” (Berimbau”). Trata-se de uma belíssima homenagem e ótima introdução ao universo desses dois grandes artistas da música francesa contemporânea.

O site www.maurane.be dá maiores detalhes sobre a produção desse disco, e reproduz também as letras das canções, sendo assim uma ótima ferramenta para conhecer melhor a poesia de Nougaro.

Quem quiser descobrir o universo de Maurane poderá ouvir várias faixas de sua carreira na página
www.myspace.com/mauraneofficielmyspace

A versão ao vivo de “Armstrong” por Maurane está disponível no site YouTube
http://www.youtube.com/watch?v=cot8XhWF28A e a mesma música na emociante interpretação de Nougaro pode ser vista na página http://www.dailymotion.com/video/xovzq_claude-nougaro-amstrong_music

O site oficial de Claude Nougaro
http://www.nougaro.com proporciona uma descoberta por década da carreira do artista, além de disponibilizar trechos de entrevistas e links para outros sites.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Les Girls

Apesar de o ambiente musical estar cada vez mais americanizado, ‘beyoncezado’ e ‘britneyzado’ (isso dói!), existem ainda cantos de criatividade em que melodia não rima obrigatoriamente com batidas frenéticas e afinação vocal com voicoder. As três cantoras seguintes, embora à primeira vista não apresentem nada em comum, merecem ser destacadas pela qualidade do trabalho que produzem e por, de várias formas, tecerem mais uma ligação entre o Brasil e a França.

Barbara Carlotti está se apresentando esta semana nos palcos de São Paulo dentro da programação do Ano da França no Brasil. Após um primeiro disco, Les lys brisés (Os lírios partidos), que foi muito bem recebido pela critica, Barbara Carlotti lançou em 2008 o CD L’idéal, que foi consagrado entre as melhores produções francesas daquele ano. O trabalho da cantora mistura com perfeita harmonia a tradição literária francesa com a música pop anglo-saxônica, o que fez com que Carlotti fosse comparada à cantora Nico. Barbara Carlotti se apresentou no Bourbon Street e tem ainda dois shows marcados para os dias 5 e 6 de agosto, no Sesc Vila Mariana e no Sesc Santo André.

Não é mais necessário apresentar Zélia Duncan. A cantora vem desenvolvendo com serenidade e muito bom gosto uma carreira sempre original e pessoal, em que sabe equilibrar composições pessoais, influências (entre as quais o legado fundamental de Itamar Assumpção) e projetos originais, como a participação na reunião dos Mutantes ou a parceria com Simone. Zélia acaba de lançar seu novo trabalho, Pelo sabor do gesto, produzido, entre outros, por John Ulhoa, da banda Pato Fu. O disco tem a particularidade de apresentar duas ótimas versões que Zélia escreveu para canções que o compositor francês Alex Beaupain fez para o filme de Christophe Honoré Canções de amor, que obteve o César de melhor trilha original em 2008. Inspirando-se tanto na chanson tradicional quanto no som dos anos 1980 ou ainda no jazz, Beaupain está se impondo como um dos mais originais compositores e intérpretes da nova geração francesa.

Por sua vez, a cantora Céu está lançando seu segundo trabalho, denominado Vagarosa. Após um primeiro disco particularmente elogiado e que teve ótima divulgação, Céu volta com um trabalho que segue a mesma linha. As composições, essencialmente inspiradas na música popular brasileira, são otimamente servidas por modernos arranjos e pela utilização de grooves climáticos. A voz de Céu tece uma envolvente teia em que o ouvinte se deixa prender com o maior prazer. Embora profundamente brasileiro na sua essência, o trabalho de Céu remete também a uma tradição mais européia de conceber o canto e a música. Além disso, referências como Massive Attack ou Serge Gainsbourg são onipresentes. Aliás, não é de surpreender que, assim como Cibelle, Céu tenha sido descoberta e lançada na Europa antes de aportar na mídia brasileira.

O site de Barbara Carlotti é www.barbaracarlotti.com além da página MySpace www.myspace.com/barbaracarlotti.

As informações sobre o novo disco de Zélia Duncan encontram-se no site http://www2.uol.com.br/zeliaduncan/ e quem quiser conhecer melhor Alex Beaupain pode acessar www.myspace.com/alexbeaupainpop.

Músicas do novo disco de Céu podem ser ouvidas na página http://www.ceumusic.com/ além das informações disponíveis no www.myspace.com/ceuambulante

sábado, 20 de junho de 2009

Coralie Clément no Brasil

O Ano da França no Brasil traz aos palcos de São Paulo a cantora francesa Coralie Clément, que irá se apresentar na cidade no fim deste mês, no dia 23 no Bourbon Street e nos dias 26 e 27 no Sesc Pompéia.

Filha de músico e irmã do excelente cantor e compositor Benjamin Biolay – que, por sua vez, compôs “Jardin d’hiver” para Henri Salvador e já se apresentou no Brasil em 2008 –, Coralie Clément iniciou sua carreira discográfica em 2001, com o CD Salle des Pas Perdus, que teve ótima repercussão não somente na França, mas também em diversos países, como Alemanha ou Japão. Assim, a canção “Samba de mon cœur qui bat”, composta por Biolay, fez parte da trilha da comédia romântica Alguém tem que ceder (2003), com Jack Nicholson e Diane Keaton.

Trata-se de um disco bastante acústico, em que Coralie Clément não esconde suas influências musicais, entre as quais Serge Gainsbourg e cantoras como Françoise Hardy ou Jane Birkin.

Em 2005 ela lança seu segundo CD, Bye Bye Beauté (que teve edição nacional na época), de tonalidade mais rock, notadamente por causa da participação de Daniel Lorca, do grupo Nada Surf, que divide a produção do disco com Biolay.

Em 2008 é lançado Toystore, de novo produzido por Biolay, em que se destaca a canção ”C’est la vie”, além de dois duetos, “Je ne sens plus ton amour” com Etienne Daho e “Sono io” com Chiara Mastroinani. O disco remete ao ambiente acústico do primeiro CD e traz certa maturidade tanto no canto quanto nos temas abordados nas letras.

Vale conferir o universo de Coralie Clément, em que se encontram em perfeita harmonia a chanson francesa, o pop inglês e também a bossa nova.

O site da cantora http://www.myspace.com/coralieclment traz informações sobre sua carreira, além de algumas músicas do mais recente CD.

Para quem quiser conhecer também o universo musical de Benjamin Biolay, http://www.benjaminbiolay.com/ e http://www.myspace.com/benjaminbiolay

quinta-feira, 4 de junho de 2009

À procura de M. Gainsbourg

Na sua última visita ao Brasil, Charles Aznavour teria declarado a um jornal brasileiro que a chanson francesa é importante principalmente graças às letras, e não à música. A meu ver, o artista não deixa de ter razão e de ser omisso ao mesmo tempo. Há de fato grandes letristas, mas também grandes compositores de música popular francesa. Sem querer comparar com a música popular brasileira, que, a meu ver, em ambos os quesitos é inigualável, a canção francesa deixou suas pegadas na música popular internacional por meio de canções como “La mer”, “La vie en rose”, “Les feuilles mortes”, “Et maintenant” e, claro, “Je t’aime moi non plus” de Serge Gainsbourg.

Gainsbourg certamente foi o maior autor de música popular da França dos últimos 40 anos, e sua influência ultrapassou as fronteiras não somente do país, mas também da francofonia, para alcançar verdadeira dimensão planetária.

O Sesc Paulista apresenta uma exposição sobre o artista até o dia 7 de setembro, dentro das comemorações do Ano da França no Brasil, e acredito que, para quem ainda não o conhece, seja uma ótima maneira de ter uma primeira abordagem com esse artista complexo e múltiplo.

http://www.sescsp.org.br/

Gainsbourg nasceu em 1928, filho de judeus russos que migraram para a França na época da Revolução Bolchevique de 1917. Nos anos 1950, começou por se dedicar à pintura (sua grande paixão), para em seguida iniciar uma carreira de cantor crooner e pianista de cassino e de clubes noturnos. A cantora Michèle Arnaud, da qual foi músico no fim dos anos 1950, ao descobrir suas composições, incita-o a gravar os primeiros discos, bastante influenciados pelo jazz pós-guerra, e que fazem sucesso junto a um público restrito.

Entretanto, a inegável qualidade dessas canções faz com que Gainsbourg comece a compor para vários artistas da época, principalmente mulheres, entre as quais Juliette Gréco e Petula Clark. O sucesso mais amplo chega, enfim, com as canções “Comment te dire adieu”, cantada por Françoise Hardy, e “Les sucettes”, com France Gall, que são as premissas do encontro de Gainsbourg com o universo pop.

Em 1967, ele tem um romance com Brigitte Bardot, para a qual compõe algumas de suas mais famosas canções, como “Initials BB”, “Bonnie and Clyde” e “Harley Davidson”. Em 1968, ele encontra Jane Birkin, com quem ficará até 1978. Juntos eles gravam "Je t’aime moi non plus", sucesso planetário, composto primeiramente para Bardot. A atriz chegou a gravar a canção, mas se opôs ao lançamento comercial até 1986.


(Gainsbourg com Jane Birkin)

A partir desse momento, Gainsbourg alcança a fase áurea de sua carreira musical com o lançamento do disco mítico L’Histoire de Melody Nelson (1971), seguido por Vu de l’Extérieur (1973), Rock aroud the Bunker (1975) e L’Homme à la Tête de Chou (1976). Esses discos, se fizeram pouco sucesso de vendas na época, são hoje considerados obras essenciais não somente para a história da canção francesa como pela influência que têm junto a muitos artistas, entre os quais Beck, Moby, Placebo, Nick Cave ou Massive Attack, e outros.

Paralelamente, Gainsbourg se torna cada vez mais dependente do cigarro e do álcool – sofre um infarto em 1973 – e tem um comportamento altamente provocador que choca a França ‘giscardista’ do fim dos anos 1970. Essa fase da carreira do artista, que seguirá até sua morte, em 1991, tem seu auge com o lançamento do disco Aux Armes et Cœtera (1979), produzido na Jamaica com os músicos de Bob Marley e em que ele grava a Marselhesa em versão reggae, com coro de cantoras jamaicanas no refrão. O disco se torna um grande sucesso comercial, mas Gainsbourg sofre ameaças de extremistas da direita e o próprio exército francês irá até impedir a realização de um show do artista. Nesses últimos anos, Gainsbourg vai criar um alter ego, chamado Gainsbarre, que será o duplo transgressivo do artista, como Dr Jekyll e Mr Hyde, dupla infernal que, aliás, foi musicada por Gainsbourg em uma canção dos anos 1960.

Além do talento de compositor, Gainsbourg mostra toda a sua verve como letrista, com letras altamente complexas, cheias de trocadilhos, duplos sentidos e certa ironia, herdada do escritor Boris Vian, que o influenciou muito. A temática erótica está frequentemente presente nas composições desde os anos 1960 até as últimas obras, como, por exemplo, em “Lemon incest”, que compôs para sua filha Charlotte Gainsbourg em 1985. Gainsbourg compôs também inúmeras trilhas de filmes e foi diretor de quatro longas-metragens e vários clipes. Até o fim da carreira, continuou compondo para outros artistas, como Vanessa Paradis (mulher de Johnny Depp), Alain Chamfort, Alain Bashung, mas também atrizes como Catherine Deneuve e Isabelle Adjani.

Para quem quiser mais informações, existem vários sites sobre o artista, entre os quais recomendo http://gainsbarre.typepad.com/. Alguns discos (importados) podem ser encontrados no Brasil, em lojas como a Fnac, Saraiva ou Livraria Cultura, assim como o CD Monsieur Gainsbourg (em edição nacional), com releituras de canções do artista por Franz Ferdinand, Feist, Kid Loco, Portishead, entre outros. Finalmente, recomendo a leitura do livro Um punhado de gitanes de Sylvie Simmons, publicado em português pela editora Barracuda.

As informações relativas à programação do Ano da França no Brasil estão disponíveis no site do Ministério da Cultura: http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/

terça-feira, 17 de março de 2009

Salut l'artiste!


Alain Bashung 1947 - 2009

Durante três décadas, este cantor rebelde e irreverente marcou a música francesa com sua inigualável presença. Troubadour, chansonnier, na linha direta de Serge Gainsbourg e de Léo Ferré, Bashung conseguiu uma rara simbiose entre Rimbaud e Bob Dylan, poesia e rock, ousadia e ternura.

O poeta se foi, mas restam os discos, preciosos, irradiantes, como o último opus, Bleu pétrole, que acabou de ser consagrado nas Victoires de la Musique, maior premiação musical da França, em que recebeu três prêmios, entre os quais melhor cantor e melhor disco.

Para quem quiser visitar ou descobrir o universo deste grande artista, nada melhor que o seu site oficial
http://alainbashung.artistes.universalmusic.fr/ e o seguinte site de fan http://bashung.ifrance.com/