segunda-feira, 27 de abril de 2009

Play it again, Sam - Marquis de Sade - Dantzig Twist

No meio dos anos 1970 o rock mudou de cara com a chegada do movimento Punk e, em seguida, de grupos que formaram o que se passou a designar como New Wave, em referência à Nouvelle Vague francesa dos anos 1960, por reinventarem o rock sessentista com acréscimos de influências mod, electro e funk. Entre eles, bandas com temáticas mais sombrias ou vinculadas à estética inspirada no Expressionismo alemão, como Siouxie and the Banshees, Joy Division ou Ultravox, mas também em correntes artísticas vinculadas à Pop Art e à cena nova-yorkina (principalmente as bandas descobertas no lendário clube underground CBGB).

Dessa profusão musical surgiram vários grupos e artistas na região de Rennes, na França, que acabaram por formar uma cena local com certa fama nacional que revelou pessoas que até hoje têm vez no panorama musical francês e europeu, como Etienne Daho.

Foi nesse contexto que apareceu o grupo Marquis de Sade, liderado por Philippe Pascal (voz) e Franck Darcel (guitarras), que, embora com carreira curta (1979-1981) e apenas dois álbuns lançados, tornou-se uma banda cult.

Com influências que mesclam judiciosamente artistas como Velvet Underground, David Bowie da fase berlinense, Talking Heads e até compositores clássicos como Erik Satie, Marquis de Sade lançou em 1979 seu primeiro disco, intitulado Dantzig Twist, pela EMI. O som intrigante do disco se destaca desde a primeira música, “Set in Motion Memories”. Linhas de baixo em evidência, acordes minimalistas de piano, solos raivosos e inebriantes de sax e tecelagem rítmica seca de guitarra de Franck Darcel constituem os ingredientes principais do clima de Dantzig Twist, aos quais se junta a voz de Phillipe Pascal, carregada de emoção (mas sem afetação).

As letras, em inglês, francês e alemão, destilam climas sombrios com temáticas vinculadas à angustia, às drogas, à submissão ou ainda à violência (assuntos bastante usuais na Europa inquieta do fim dos anos 1970), como em “Henry”, “Walls” ou “Skin Disease”. Cenários nevoentos em que se cruzam o fantasma de Conrad Veidt e espiões japoneses matizam canções como “Conrad Veidt”, “Japanese Spy”, “Nacht und Nebel”. Entretanto, o som de gravação ao vivo ou de garage band do disco desarma em parte esse lado mais opressivo e trás uma energia contagiante.

O fato é que essa estética musical tão peculiar, reforçada pelo desenho da capa do álbum, fez com que o grupo fosse indevidamente assimilado por alguns jornalistas ao fascismo, cuja ressurgência era notável nessa época social e economicamente conturbada. Porém, longe de qualquer fascistização, a banda retratava somente angústias comuns à juventude européia daquele momento e empregava uma estética então bastante corriqueira no visual das bandas punk e new wave.

No ano seguinte, Marquis de Sade lançou seu segundo e último disco, Rue de Siam, em que misturava elementos de new wave e funk com bastante complexidade musical. Menos impactante que o disco de estréia, porém com brilho inegável, o trabalho não agradou muito aos críticos e ao público, e a banda logo se separou. Philippe Pascal montou o grupo Marc Seberg, enquanto Darcel liderou a banda Octobre, que tiveram certa importância no cenário musical rock francês dos anos 1980.

Publicado originalmente em LP com 10 faixas, Dantzig Twist foi relançado em CD em 1989 com três faixas bônus. O disco hoje está fora de catálogo, mas as faixas estão disponíveis para download em sites de venda de música, além de o disco se encontrar em alguns sites de compartilhamento de arquivos e sites de sebos.

Para conhecer melhor o Marquis de Sade vá até: http://www.myspace.com/marquis2sade, que trás músicas e clipes ao vivo da banda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário