quinta-feira, 30 de abril de 2009
A deliciosa leveza do ser
terça-feira, 28 de abril de 2009
Além da imaginação
Assim, não estamos mais no campo do conteúdo, mas no da forma. Deveremos mudar nossa abordagem do objeto “livro” até criarmos novas regras de utilização desse objeto de maneira que se tornem comportamentos naturais (ou seja, gestos inconscientemente executados) dentro de um fluxo informativo ou lúdico contínuo.
Aí surge a questão da recomposição de nossa afetividade mediante novos códigos de leitura ou novas ferramentas, em um futuro que já estamos conjugando no presente e que, por vezes, nos parece ainda distante, além de nossa imaginação. É um dos assuntos abordados pelo excelente livro O chip e o caleidoscópio – Reflexões sobre as novas mídias, obra coletiva organizada por Lucia Leão - Editora Senac SP (2005), que inclui notadamente o ensaio A interatividade e a construção do sentido no ciberespaço, de Eduardo Cardoso Braga, em que o autor declara: “A experiência do link não se resume à decodificação e construção de significativo cognitivo. Ela também é emoção, sentimento. [...] Os signos dispersos estão à espera de uma vivência e de uma nova organização construídas por um navegar que descobre e, ao descobrir, constrói o sentido”. http://www.lucialeao.pro.br/writings.htm
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Play it again, Sam - Marquis de Sade - Dantzig Twist
O fato é que essa estética musical tão peculiar, reforçada pelo desenho da capa do álbum, fez com que o grupo fosse indevidamente assimilado por alguns jornalistas ao fascismo, cuja ressurgência era notável nessa época social e economicamente conturbada. Porém, longe de qualquer fascistização, a banda retratava somente angústias comuns à juventude européia daquele momento e empregava uma estética então bastante corriqueira no visual das bandas punk e new wave.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
A divina comédia - Da efemeridade dos fatos
É inegável que a proposta de Caetano Veloso vai além de uma simples denúncia do sistema carcerário de Guantánamo e das chocantes cenas de tortura e humilhação de prisioneiros políticos amplamente midiatizadas pela imprensa internacional durante o governo Bush. É também incontestável que o cantor não se limita a assinalar o simbolismo da violação dos direitos humanos pelos EUA em território cubano. Trata-se da manifestação do artista diante da contradição política de um sistema democrático que se veste da imagem de respeitoso e ardente defensor de valores vinculados aos direitos humanos, mas que utiliza as formas mais desprezíveis de desrespeito aos mesmos direitos humanos como manifestação de sua hegemonia.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Tiê – Sweet Jardim
Com delicadeza comovente, Tiê escreve canções cuja aparente ingenuidade é apenas um estojo para deixar fluir imagens e sensações realçadas por letras que contam histórias individuais e de relacionamento em que a cantora é quase sempre a protagonista. A instrumentação, principalmente com violão e piano, é desprovida de qualquer supérfluo para permitir uma melhor atenção do ouvinte às histórias que Tiê conta em sua voz afinadíssima. Trata-se de um trabalho extremamente intimista, que remete à tradição acústica da canção brasileira, mas também conversa com outros artistas internacionais que seguem esse caminho, como, por exemplo, Yael Naim.
Assim, como não sorrir carinhosamente ao ouvir o delicioso retrato que a cantora faz de si mesma na canção “Passarinho”: “Como um brotinho de feijão, foi que um dia eu nasci. Despertei, caí no chão e com as flores cresci. E decidi que a vida logo me daria tudo, se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro. Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou, que um nome de passarinho me encheria de amor. Mas passarinho, se não bate a asa logo pia, e eu, que tinha um nome diferente, já quis ser maria. Ah, como é bom voar”.
Que idéia genial ter realçado a música “Chá verde” com um “coro dos queridos” para lhe dar um clima mais festivo. Sem esquecer a deliciosa “Aula de francês” ou a belíssima “Assinado eu”, que introduz o disco e em que Tiê confessa: “Eu fico esperando o dia que você me aceite como amiga, ainda vou te convencer. Eu sei. E te peço, me perdoa, me desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada, faltou o ar, faltou o ar. Me despeço dessa história e concluo: a gente segue a direção que o nosso próprio coração mandar, e foi pra lá, e foi pra lá”.
Dois sites oferecem maiores informações, além de músicas e vídeos da cantora: www.tiemusica.com e http://www.myspace.com/tiemusica
segunda-feira, 13 de abril de 2009
A divina comédia - A sina do ensino
Foi com muito interesse que li, na Folha de SP de 08 de abril, o artigo de Marcelo Coelho sobre o filme Entre os muros da escola, de Laurent Cantet. http://marcelocoelho.folha.blog.uol.com.br/ Esse filme, que conquistou a Palma de Ouro em Cannes em 2008 e fez muito sucesso na França, seu país de origem, expõe sem nenhum disfarce a conturbada relação entre um professor e seus alunos em uma classe de um colégio público do 20º arrondissement (distrito) de Paris. Os conflitos são ainda mais exacerbados porque a classe é multirracial, composta por alunos de diferentes etnias, culturas e religiões (árabes, africanos, antilhanos, asiáticos, além de europeus).
No filme de Cantet, podemos perceber o quanto essas regras de padronização do sistema educacional continuam totalmente aplicadas hoje. Assim, o professor parece incapaz de fugir dos moldes e limites do programa educacional obrigatório definido pelo Ministério da Educação, e tenta “ensinar” a poesia de Rimbaud a alunos que mal conseguem se expressar em um francês básico se este não for temperado por gírias e expressões que servem como parâmetros de identificação tribal (ou seja, de alcance ainda menor do que se fossem expressões étnicas) e são totalmente desprovidas da possibilidade de comunicação e/ou intercâmbio com quem não for membro da tribo.
Agora, ao assistirmos ao filme A bela Junie (2008) de Christophe Honoré, não percebemos os mesmos conflitos. Não somente porque o roteiro não trata desse assunto, mas porque a história se passa em um colégio de um dos arrondissements mais ricos da Paris, cujos alunos pertencem todos a famílias de classe A ou B e não parecem ter problema de identificação com os programas de ensino dessa escola, em que são até ministradas aulas de italiano e organizadas viagens culturais internacionais. Dessa forma, mesmo que o filme retrate crises pessoais e existenciais, de modo algum se percebe, entre alunos e professores, qualquer zona de conflito que se fundamente em uma incompreensão das matérias ensinadas ou que seja resultado da impossibilidade de comunicação entre os vários grupos distintos e constitutivos do núcleo escolar em que se desenrola a trama.
Percebemos assim, em outras palavras, que a adequação do sistema educacional às aspirações e metas de determinados grupos socioeconômicos (e, consequentemente, culturais) depende da identificação desses grupos com o formato e o conteúdo do ensino.
Então, a escola que não for dinâmica, flexível e progressista corre o risco de não ser a matriz que servirá para moldar as futuras gerações às necessidades evolutivas da sociedade. Pois a França, por ter-se transformado em uma sociedade multirracial (com a migração em massa de diferentes etnias devido ao fim do colonialismo nos países da África e também em razão dos fatores socioeconômicos da Europa oriental e mais recentemente da Ásia), deve continuar a adequar progressivamente seu sistema educacional para responder às mudanças geradas por essa evolução.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Afeto na arte e arte da afetação
Todavia, voltando às declarações de Sliimy que repercutiram positivamente para a divulgação do disco, há de se reconhecer que a arte da afetação sempre foi uma forma recorrente de expressão do afeto na arte. E se a evolução da moral e dos costumes, embora ainda imperfeita, permite e favorece a revelação da orientação sexual (mesmo que ainda reservada a certa “elite” sócio-econômico-cultural e ritualizada pelo coming out batismal), sempre houve uma absolvição subjacente do público para quem se vestisse de uma aura de afetação no intuito de representar sua arte e, consequentemente, transmitir suas emoções.
E se os reis europeus da Renascença e do Século das Luzes não hesitavam em enfeitar-se com joias, plumas, bordados, perucas, além de maquilagem, em uma ostentação de poder e riqueza teatralizada de forma pavonesca, alguns de nossos astros atuais, independentemente da expressão artística que escolheram, utilizam-se de símbolos semelhantes a fim de convidar a audiência a coroá-los e até sacralizá-los por meio de rituais pagãos, como é caso de Ney Matogrosso, Cauby Peixoto, John Galliano ou Freddie Mercury, entre outros.
E finalmente, ao se utilizar da afetação, o artista mostra seu afeto, despindo-se aos poucos, até ficar nu diante do público. E assim, ao mostrar sua própria nudez por meio da afetação, que em si é uma forma exacerbada da manifestação da emoção, ele acaba por magnificar sua própria emoção e conquistar o afeto do público em retribuição a esse ato de total entrega.
Para outras informações, recomendo os seguintes sites: http://www2.uol.com.br/neymatogrosso/; http://www.cauby.com.br/; http://www.mikasounds.com/; http://www.myspace.com/sliimy; http://www.johngalliano.com/
Contagem regressiva...
Em 8 de maio, daqui a exatamente um mês, estreia simultaneamente nos cinemas do Brasil e dos Estados Unidos o novo Jornada nas estrelas. Após certo desgaste da imagem da franquia, que levou os produtores a suspender qualquer outro projeto por alguns anos, o novo filme, dirigido por J. J. Abrams (entre outros, produtor de Lost e diretor de Missão: impossível III), promete surpreender tanto pelo aspecto visual, com incríveis efeitos especiais, como pelo fato de ser uma prequel ou gênese da primeira série televisiva, que pretende narrar a iniciação de James T. Kirk na Academia da Frota Estelar e as aventuras que fizeram com que se tornasse capitão da nave USS Enterprise.
Obviamente, não faltarão também os demais membros da tripulação original, como Spock, o Dr. Leonard McCoy e a bela Uhura. Como fã de carteirinha da franquia, eu não podia deixar de anunciar essa contagem regressiva, e estou torcendo para que o filme seja um êxito, dando início a novas sequências e séries!
Para maiores informações, nada melhor que o site oficial do filme com trailers, inclusive em formato HD, galeria de fotos, etc.: http://www.startrekmovie.com/
terça-feira, 7 de abril de 2009
Limão na salmoura
Ingredientes
- 1 recipiente de vidro de 500 ml com tampa, fervido e esterilizado
- 80 g de sal grosso
- 1 colher (sopa) de coentro em grãos
- 1 colher (sopa) de pimenta-do-reino em grãos triturados ou grosseiramente moídos
- 1 colher (chá) de pimenta-branca em grãos
- sumo de 1 limão
- ½ litro de água fervida morna
Preparo
Esprema um limão e reserve o sumo.
Lave os limões restantes, esfregando-os com uma escova (se os limões não forem orgânicos, recomendo que sejam mergulhados alguns instantes em água fervente para eliminar qualquer rastro de agrotóxicos).
Com uma faca bem afiada, faça quatro incisões iguais, em forma de gomos, na casca de cada limão, sem chegar às pontas da fruta nem à polpa.
Com a ajuda de uma colher, preencha delicadamente cada fenda com sal grosso e pimenta-do-reino triturada, indo do centro até as pontas.
Coloque os limões no vidro junto com os grãos de coentro e de pimenta-branca. Acrescente o sumo de limão.
Cubra os limões com a água morna e coloque algum objeto (como uma xícara, por exemplo) sobre eles para fazer peso. Se necessário, esterilize antes esse objeto.
Feche bem o vidro e deixe descansar por 3 ou 4 semanas, antes de usar.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Esse tal de rock’n’roll
Ao folhear a revista Monet de abril na esperança de encontrar alguma novidade ou curiosidade que não fosse o anúncio da milésima reprise de histórias de bruxinhos ingleses ou heróis americanos aracnoides, deparei-me com a entrevista do veterano roqueiro Gene Simmons, da não menos veterana banda Kiss.
Surpreendi-me ao ler com certo interesse esse rápido bate-papo, não que eu seja, nem de longe, aficionado desse grupo, cujas músicas com cadência de square dance, guitarras estridentes e letras primárias, tocadas em ambiente de Circo Máximo, com direito à pirotecnia e cuspes de sangue, nunca me empolgaram. Pois bem. No fim da entrevista, Gene Simmons declara que o rock morreu no sentido de que bandas como Nirvana ou Soundgarden, que lideraram o movimento Grunge, apesar de incontestável qualidade musical, teriam afugentado a molecada desse gênero musical ao se apresentarem no palco feito mendigos. Simmons considera que a juventude, na busca de novos heróis, teria migrado para o rap, cujos ídolos seriam, de certa forma, os últimos representantes do imaginário rock feito (nas palavras dele) de “carrões, garotas peitudas a tiracolo e cordões de ouro no pescoço”.
Embora redutora, há de se reconhecer certo valor na análise de Simmons. Não no que diz respeito ao fim do rock em si, mas à sua inevitável evolução e, consequentemente, às mudanças relativas a seus valores, seu imaginário e seu público.
É incontestável que os clipes de rap ou hip-hop apresentados por canais musicais como MTV utilizam, de forma quase sistemática, elementos como carros esportivos ou limusines, garotas com formas mais do que vantajosas, mansões, joias, festas, bebidas, drogas em uma duvidosa luxúria. Cantores de rap e hip-hop gostam de exibir músculos, relógios, dinheiro ou qualquer outro artefato que possa lhes dar certo estatuto social de novos ricos deslumbrados, como no clipe de 50 Cent "Window Shopper http://www.youtube.com/watch?v=74nylouvtYc, por exemplo, inclusive e principalmente se esse estatuto se prevalecer de amizades com a bandidagem (ver nesse sentido o clipe "Go DJ" de Lil Wayne http://www.youtube.com/watch?v=u3dIP1jnu4Q). As cantoras, por sua vez, são provocantes e oferecidas, para não dizer devassas, e ostentam igualmente joias, roupas de grife e carros esportivos.
O rock, por outro lado, tende a mostrar uma face mais respeitável e comportada, e não é de surpreender que as bandas mais conceituadas de hoje, tanto pelo público quanto pela crítica especializada, como Radiohead ou TV On The Radio, estejam mais preocupadas com temáticas vinculadas aos direitos humanos ou ao aquecimento global do que com o esbanjamento de riquezas e atributos.
Ora, se voltarmos à essência do imaginário que o rock representou durante várias décadas, desde os requebros eróticos de Elvis até a trajetória trágica de Kurt Cobain, passando pelas viagens “iniciatórias” dos Beach Boys ou dos Beatles, devemos reconhecer que essa vertente da música se espelhou em revoluções sociais, sexo, drogas, bebidas e muito dinheiro.
Mas parece que estou falando de outros tempos, narrando fatos históricos que não condizem mais com nossa realidade. Será isso mesmo? O rock e seu imaginário são fatos históricos a serem compilados em enciclopédias e visitados em museus ou apenas houve um deslocamento de valores e comportamentos de uma corrente musical para a outra?
A meu ver, houve uma recuperação, pela turma do rap e hip-hop, de um folclore que não pertence obrigatoriamente ao rock ou a qualquer outra corrente musical, mas que diz respeito à idade dessas correntes. Ou seja, o imaginário vinculado à aquisição inebriante de certo poder representado por bens materiais, sexo, drogas ou qualquer comportamento que seja a manifestação simbólica e provocadora de insubordinação em relação a normas preestabelecidas e por essência restritivas é apenas uma fase evolutiva da manifestação artística.
Afinal, podemos ver semelhanças muito claras de comportamentos entre a representação do imaginário rock e o do rap.
Por exemplo, como podemos julgar com desdém a representação das mulheres nos clipes de rap atuais e não lembrar que há quase 30 anos os Rolling Stones ilustravam a música “She was hot” http://www.youtube.com/watch?v=GwRLy_nD7mg com uma garota que cuspia fogo pelo traseiro? Nada mais machista! Ademais, esse clipe é em si uma síntese de todos os elementos simbólicos dos clipes de rap atuais, como mansão com decoração cafona, bebidas, fumo e sexo. Aliás, na mesma época, garotas peitudas e pouco vestidas rebolavam à vontade nos clipes de bandas de rock como Van Halen. No encarte do disco Jazz, o Queen fez a apologia de garotas de bumbuns grandes andando nuas de bicicleta (que bom gosto!), enquanto Elton John ostentava sem nenhum pudor propriedades, roupas e joias, como no clipe da música "I Still Standing" http://www.youtube.com/watch?v=EpSwO0aJKHA.
Da mesma forma, como podemos julgar negativamente a perdição de uma Amy ou Britney e não lembrar as loucuras de um Keith Moon, as bizarrices de um Syd Barrett, as provocações de um David Bowie ou de um Johnny Rotten? E como criticar a juventude que se identifica com Tupac Shakur, símbolo e mártir do gangsta rap, se, em outros tempos, sentimos também alguma identificação com Syd Vicious, símbolo e, de certa forma, mártir do movimento Punk?
E não há como limitar essa análise ao rock e o rap, já que, como eu disse antes, trata-se de manifestações comportamentais que dependem da idade da própria corrente musical, dos seus representantes e do seu público. Assim, vale a pena lembrar, por exemplo, que em outubro de 1955 o público do Olympia, em Paris, quebrou as poltronas ao enlouquecer com o suingue do saxofonista americano Sidney Bechet. Que Billie Holiday se entregou fatalmente às drogas bem antes de Hendrix saber tocar os primeiros acordes de guitarra. Já em 1877, a ópera Sansão e Dalila, de Saint-Saens, por ser considerada provocadora (e, portanto, ofensiva), foi vaiada pelo público, assim como o foi Villa-Lobos na Semana de Arte Moderna de 1922, no Municipal de São Paulo. E quem não se lembra da rebeldia protopunk de Mozart, admiravelmente retratada por Milos Forman em Amadeus?
Sendo assim, não há porque declarar que o rock morreu. Ele apenas se tornou coisa de gente grande, ou seja, ele atingiu outro patamar dentro da história da música, veste-se agora de outros valores e manifesta novos comportamentos. Isso se mostra claramente na escolha unânime do Radiohead como melhor banda de rock atual. Aliás, disserta-se muito sobre a verdadeira natureza da música desse grupo cujas influências musicais são múltiplas e que, por sua vez, influencia também outros artistas, entre os quais músicos de jazz como Brad Mehldau. E ao ver o público do show do Radiohead, percebemos verdadeiro êxtase, quase místico ou religioso, mas também uma grande atenção, quase reverencial, que faz com que essa audiência se aproxime mais do que poderíamos esperar de um público de jazz ou de música clássica.
E enquanto eu estava elaborando a presente matéria, li com muito interesse a crônica de Álvaro Pereira Júnior no caderno Folhateen da Folha de SP de 30 de março, em que ele fala de duas revistas dedicadas à música, a americana Blender, que está morrendo, e a inglesa Word, que vê seu público crescer significativamente. O mais interessante é que a revista Word é destinada a um público acima de 35 anos de idade, enquanto a outra é mais dirigida ao público da faixa de 18 a 34 anos. Além da conclusão mordaz sobre “revistas de moleques e de tiozinhos”, o que me chamou a atenção nesse artigo é o comentário do jornalista sobre os motivos que o levam a gostar muito da revista Word: “São caras mais velhos que acompanham bem de perto tudo o que acontece, sem embarcar cegamente no último hype. Atualizados e adultos ao mesmo tempo. Minha praia”.
Esse comentário, além de ir ao encontro do artigo que escrevi sobre ser ou não ser antenado e a necessidade compulsiva de armazenar informação, http://metreno.blogspot.com/2009/03/divina-comedia-ignorantus-ignoranta.html confirma plenamente o que acabei de desenvolver, ou seja, que o rock está seguindo naturalmente um processo de amadurecimento no qual redefine valores e comportamentos que vão ao encontro da evolução igualmente natural de seu público.