Quem nunca viveu a mais abrupta ruptura? Quem nunca presenciou a mais inesperada fratura? Quem jamais sentiu a mais aguda dor? Quem nunca passou por nada disso que atire a primeira pedra...na própria cara. Até a Eternidade está desoladamente estreando em São Paulo numa única sala, no Itaú Frei Caneca (prova do que apesar da crise atual e do movimento “occupy” os bancos ainda têm valor e razão de ser). Até a eternidade fez muito sucesso na França em 2010 – informação valiosa numa época em que os ossos do ofício foram substituídos pelo suor do box office. O diretor, Guillaume Canet, já mostrou todo o seu talento na sua estreia a cargo do ótimo thriller Não conte a ninguém, sutilmente adaptado do romance de Harlan Coben. Até a eternidade é um título um tanto bobo em relação ao título francês Les petits mouchoirs (os lencinhos) já que o filme não trata da eternidade, mas do tempo presente e da capacidade ou incapacidade de encararmos nossa efemeridade. Talvez por isso o filme traga uma das mortes mais secamente violentas que eu já vi no cinema (exatamente por não ser cinematograficamente sangrenta) e talvez por isso mostre sentimentos violentamente à flor da pele, brotando como espinhas no sol, como marcas da estação. O ato de morrer é mais curto do que a palavra em si, e se morremos um pouco a cada dia, também construímos a nossa vida como se esquecêssemos da encenação do último ato, da derradeira fala... que nos pega de surpresa e que queremos recordar até o apagão fatal. Contradição? Até a eternidade não traz respostas, porém desperta perguntas e faz com que amemos mais viver o instante, a instantaneidade. E por isso o filme merece ser visto. Além dos ótimos atores, entre os quais François Cluzet e a sempre impecável e emocionante Marion Cotillard.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Prepare seu lencinho
Quem nunca viveu a mais abrupta ruptura? Quem nunca presenciou a mais inesperada fratura? Quem jamais sentiu a mais aguda dor? Quem nunca passou por nada disso que atire a primeira pedra...na própria cara. Até a Eternidade está desoladamente estreando em São Paulo numa única sala, no Itaú Frei Caneca (prova do que apesar da crise atual e do movimento “occupy” os bancos ainda têm valor e razão de ser). Até a eternidade fez muito sucesso na França em 2010 – informação valiosa numa época em que os ossos do ofício foram substituídos pelo suor do box office. O diretor, Guillaume Canet, já mostrou todo o seu talento na sua estreia a cargo do ótimo thriller Não conte a ninguém, sutilmente adaptado do romance de Harlan Coben. Até a eternidade é um título um tanto bobo em relação ao título francês Les petits mouchoirs (os lencinhos) já que o filme não trata da eternidade, mas do tempo presente e da capacidade ou incapacidade de encararmos nossa efemeridade. Talvez por isso o filme traga uma das mortes mais secamente violentas que eu já vi no cinema (exatamente por não ser cinematograficamente sangrenta) e talvez por isso mostre sentimentos violentamente à flor da pele, brotando como espinhas no sol, como marcas da estação. O ato de morrer é mais curto do que a palavra em si, e se morremos um pouco a cada dia, também construímos a nossa vida como se esquecêssemos da encenação do último ato, da derradeira fala... que nos pega de surpresa e que queremos recordar até o apagão fatal. Contradição? Até a eternidade não traz respostas, porém desperta perguntas e faz com que amemos mais viver o instante, a instantaneidade. E por isso o filme merece ser visto. Além dos ótimos atores, entre os quais François Cluzet e a sempre impecável e emocionante Marion Cotillard.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
A insustentável leveza da leitura (e da torta de casca de batata...)
Há algo incrivelmente profundo, e ao mesmo tempo insustentavelmente leve, no ato de abrir um livro, folhear as suas páginas, sentir sua textura e seu cheiro, passar os olhos nos capítulos e parágrafos, percorrer o sumário como se estuda o mapa de uma trilha antes de iniciar a caminhada. Há algo incrivelmente leve, e ao mesmo tempo insustentavelmente profundo, no ato de escolher um livro para ser o companheiro temporário da nossa intimidade, ser o objeto de nossa atenção, dedicação e emoção por alguns momentos diários; ser aquele que apalpamos e levamos para a cama sem nenhum pudor; ser aquele que vigia, fiel guardião, no nosso criado-mudo enquanto dormimos; ser aquele que marcamos, dobramos, tatuamos, grafitamos, sublinhamos; aquele que afinal amamos e abandonamos, devoramos e trocamos por outro, deixando-o se empoeirar numa estante ou até, implacáveis, vendemos num sebo de bairro, oferecendo-o sem nenhum escrúpulo ao prazer alheio. Há algo incrivelmente belo e ao mesmo tempo insustentavelmente cruel no prazer da leitura. Prazer egoísta, hedonismo cerebral, curtição da retina por traz do véu das pálpebras, prazer egocêntrico e poligâmico do leitor com seus livros, reféns de um harém intelectual, ou de um lupanar... se pensarmos nos aficionados de Miller, Bukowski ou Manara.
Pois bem, devo meu insustentável deleite atual à genial escritora americana Mary Ann Shaffer. Aos 74 anos, essa senhora da Virgínia Ocidental escreveu seu primeiro livro em 2008, em parceria com sua sobrinha Annie Barrows, sob o delicioso título: The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society. Utilizando o trunfo da troca de cartas, Mary Ann Shaffer nos leva ao encontro de personagens apaixonantes na Inglaterra pós Segunda Guerra Mundial, entre os quais, os seletivos membros de um impagável círculo literário da ilha de Guernsey e de sua especialidade, uma torta feita com casca de batata! Assim pode parecer bem pouco, mas garanto que o livro é puro prazer, ao mesmo tempo "so British" e atemporal já que mostra que, mesmo nos piores momentos, somos capazes da maior imaginação e dos mais surpreendentes recursos para superar as nossas desavenças.
E assim se dá o prazer da leitura. Com poucas coisas: ocasião, aconchego, recanto, porém sempre com vontade e mente aberta, viaja-se até uma ilha anglo-normanda para desfrutar o prazer de comer torta de casca de batata em boa companhia. Nada muito caro e que requeira gastar as milhas esforçadamente juntadas no cartão de crédito.
Ah, “last but not least”, Mary Ann Shaffer faleceu em 2008, antes mesmo da publicação do livro. Assim, ela nos traz alegria para além do seu último sopro e por isso deve ser muito agradecida. Ah, “last but not least (once again)”, o livro foi lançado em 2009 no Brasil pela editora Rocco sob o título Sociedade Literária e a Casca de Batata. Não sei o que a tradução vale, mas talvez valha experimentar... e saborear uma deliciosa torta de casca de batata.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
E La Nave Va
Escoteiro
Chefiando a
fileira
Dando o
ritmo
Distribuindo
chibatas
E batinas
O gado segue
Indolente
Antes de
imolado
De tropeçar
e cair
Desfiladeiro
abaixo
Seleção natural
Sulco dietético
Derramado no
rego
Esparramando
o ego
Escroto
Chefiando a
roubalheira
Sempre alheio
Partilhando o
dízimo
Como do
Cristo
O orgânico corpo
A hóstia
integral
A santa medalha
Que
carregamos
No pescoço
Como o sino
Do gado
Indolente
Antes do
matadouro
Escotilha
Última salvação
Antes da
deriva
Do último banho
Da derradeira
praia
Da afundada
Piazza
San Marco
Narrador ou rinoceronte
Herói ou vítima
De seriado
Ùltima temporada
À procura de Tadzio
Antes de bater as botas
La nave va...
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Alegria, alegria
Donna
Summer. “Donna se meurt”, como uma piada de mau gosto costumava chamá-la da França
no fim dos anos 1970. Só que Donna morreu e a piada ficou ainda mais idiota. Donna
se foi, repentina, num surpreendente susto, num último soluço de fim de noitada.
E na hora que eu soube da notícia, caí num mar de lembranças, "down deep inside", numa apneia cerebral e
emocional. Nas profundezas da nossa alma estão os fundamentos da nossa
credulidade, da nossa inocência, a construção do nosso “ciente e inconsciente”,
dos nossos idos e das nossas revoltas, das nossas libidos e reviravoltas. Na
estranheza das nossas entranhas estão os mais volutuosos suspiros, os “Love to
Love You, Baby”, os “I Feel Love”, hipnóticos, cardiacamente
tesudos, batimentos que de tão batidos ficaram impregnados no coletivo, na
construção do “ciente e inconsciente” do mundo, numa pista de boate gigante, um
gargantuesco baile, para sempre. Donna se foi, e lá se vão os anéis da minha adolescência
(os dedos, guardo para as futuras artroses), o ouro da juventude, a descoberta
do groove e do grude, as noites em
claro, tentando acalmar o ímpeto do calor das ondas, batendo o leite até virar
creme, com as “Bad Girls”, sussurrando nos meus ouvidos. “I Remember Yesterday”.
O ano era 1977 ou 1978, o Zenith em Paris, show da Donna Summer. Eu tinha 14 ou
15 anos. Noites em claro; já. Noites cremosas... as primeiras. Para ver o show
(proibido aos menores de 18 anos) levei a minha mãe... E Donna cantou, dançou e
rebolou. E Donna não precisou de efeitos especiais, voicoder e tela LCD para
garantir seu sucesso. Bastou uma ótima banda, um microfone e um biombo atrás do
qual ela deve ter trocado de roupa umas 4 ou 5 vezes para a alegria do público
e da minha puberdade. Logo depois comprei os LPs, Four Seasons of Love, o qual vinha com calendário com fotos da
musa, que pus na porta do meu quarto; depois, Bad Girls e Live and More.
Aí a música mudou e meu gosto também. Mas sempre nos lembramos do nosso
primeiro amor. Da primeira vez que o coração e o corpo entraram num uníssono,
num tremor que sempre será nosso “personal tsunami”. Cada um
tem o seu. O meu foi Donna Summer. Mulher que, se não foi
tropicalista, trouxe à minha vida muita alegria e que, para sempre,
vou amar.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Melting bote
Hoje comprei
Um pacote de
bolachas
No
supermercado
Hoje comprei
Um pacote de
bolachas
Diferentes
Da mesma
marca?
A de sempre
Porém de
trigo integral
Hoje comprei
Saúde?
Ou engano?
Hoje comprei
Um pacote de
bolachas
No super
engano
Hoje comprei
Um pacote de
bolachas
Diferentes
Da mesma
raça?
A de sempre
Porém de
sangue integral
Hoje comprei
ideologia
ou logro?
Hoje comprei
Um pacote de
bolachas
Diferentes
Da mesma
providência?
A de sempre
Porém de
burrice integral
Fui
enganado?
Não sei
Mas hoje
comprei
Compulsivamente
Um pacote
integral
De bolachas
Diferentes
Da marca de
sempre
Porque quero
ser integral
Ou integrado
Não sei
Mas
comprei...
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Yes, nós queremos brioche!
A confusão da galinhada do Atala na última virada cultural
de São Paulo não deixa de ser a mais preocupante manifestação da maneira como uma
elite política de São Paulo mostra que não superou os arquétipos da sociedade
mais conservadora, no sentido mais monarquista do termo. Em resumo, a Virada Cultural
de São Paulo este ano agregou à musica uma degustação de pratos de chefs
servidos em bancas espalhadas pelo Minhocão, pelo preço módico de R$ 10,00 a R$
15,00, entre os quais o superestrelado Alex Atala e sua famosa galinhada. Infelizmente,
quem ficou horas esperando na fila da galinhada levou frango de goleiro e o
Atala não deu as caras, incapacitado que teria ficado, apesar do seu DOM, de
chegar até o lugar da comilança sem ser depenado. No dia seguinte da falsa
micareta, o secretário da cultura da cidade de São Paulo, Carlos Augusto Calil,
rebatando críticas, declarou que “A alta gastronomia nunca vai ser um evento de
massa”, rejeitando a culpa do mico sobre a imprensa que teria dado importância
demais ao acontecimento. Não pretendo aqui discutir o papel da imprensa nas
sociedades democráticas.
Basta lembrar que a imprensa deve ter liberdade de
expressão e o leitor liberdade de apreciação e de avaliação. Trata-se de uma
questão de equilíbrio, precário certo, porém necessário. Mas, se por um lado, o
fascismo aberto e descarado consiste em proibir a divulgação de opiniões e informações,
por outro lado, o fascismo disfarçado de democracia (e, portanto, ainda pior)
consiste em trocar a proibição pela crítica do uso da liberdade de opinião; isso
não passa de um diabólico envenenamento da comunicação democrática por meio do amargo
soro da dúvida sobre a objetividade (e, consequentemente, a deontologia
profissional) de quem divulgou a informação. Mas, além dessas considerações que
dizem respeito a uma profissão à qual não pertenço e que sabe muito bem se
defender sem mim, mais assustador é o teor segregacionista da declaração de um
secretário que da cultura parece só ter o título. Afinal, o que quer dizer “alta
gastronomia” em relação à comida de rua?
Não podemos esquecer que os
restaurantes da forma que os concebemos hoje provêm de um conceito que nasceu
no século 19, enquanto a comida servida nas ruas sempre fez parte das mais intrínsecas
formas de sociabilidade. Isso vale para todas as culturas desde que o mundo é
mundo e o Brasil não escapa dessa característica, como lembrou tão bem a
jornalista gastronômica Cristiana Couto em uma recente matéria do seu blog: http://sejabemvinho.blogfolha.uol.com.br/2012/04/18/como-era-a-comida-de-rua-ha-200-anos/
Mas, na nossa época em que o poder aquisitivo parece ser o único critério de
avaliação do valor do individuo, em que a inteligência vem sendo esmagada pelo limite
do cheque especial, em que as academias cuidam de todos os músculos menos do
cérebro, talvez o secretário da cultura da cidade de São Paulo seja mais um “digno”
representante dos tempos atuais. Tempos que não são mais racistas, mas em que o
politicamente correto trocou a diferença de cor da pele pela diferença de cor
do cartão de crédito. Assim, a segregação pelo paladar talvez seja o último
requinte de um desdém muito maior, da rejeição que se tem em relação à boa
parte da população, aquela que não deveria sair da copa, nem ter estação de
metrô para chegar ao shopping Higienópolis, shopping que, aliás, fica bem perto
do Minhocão onde desandou a popular galinhada, que, de repente, tornou-se
referência da “alta gastronomia”.
Tudo isso não passa de um triste sarcasmo escancaradamente
manifestado por quem transforma a comida de rua em “street food”, acreditando
que assim, por meio dessa americanização, o bom e velho rango adquiriu uma (fake)
legitimidade aristocrática. Pois bem, mas a história (e suas lendas) nos conta
que em 1789, quando o povo faminto de Paris chegou às portas do castelo de
Versalhes, a cerca de 20 km da capital, sem ter estação de metrô por perto, Maria-Antonieta
teria respondido que quem estivesse com fome precisava comer “brioche”. Isso
acabou lhe custando a cabeça. Algo a se meditar...
terça-feira, 8 de maio de 2012
O prazer do debate
Milton:
TALENTO E INTUIÇÃO
É estranho e ao mesmo
tempo fascinante como em termos de música brasileira ainda se possa ser
surpreendido por “verdades” que se supunha solidificadas e acomodadas de uma
forma confortável, e que de repente ressurgem como “novidades” porque se
mostram de um jeito como ainda não tínhamos visto. E é por se tratar de
figurões desta música que o fato é tanto surpreendente quanto substantivo
(relevante). Caetano e Chico são as figuras que motivam esta elucubração um
tanto difusa que vou tentar clarear.
Em primeiro lugar, de
toda a rica e prolífica geração surgida nos anos sessenta são hoje os dois que
mantém mais ativa e constante a veia criativa e com qualidade à altura de sua
obra anterior.
No caso de Caetano, numa
visão –ainda que tardia – de seus dois últimos trabalhos Cê (2006) e Zii
e Zie (2009) fica claro que continuam vivas sua inconfundível inventividade
e inquietação artística. Mas o que impressiona mesmo é a inovação e atualidade
de sua música. Cercando-se de músicos competentes e modernos a partir do filho
Moreno, mais Kassim e Pedro Sá, Caetano navega, camaleonicamente como é seu
estilo, numa sonoridade capaz de envolver tanto seu público cativo quanto
gerações bem mais jovens. O melhor exemplo disto é o que fazem, a banda e o
cantor, com Incompatibilidade de Gênios de João Bosco, um samba com
malemolência e veneno tipicamente brasileiros que teve, além da virtuosa
gravação do autor, outra com Clementina de Jesus, simplesmente transcendental.
Nessa versão “transmoderna”, pra usar um termo ao gosto do próprio cantor, com
a preciosa contribuição da Banda Cê, o que se houve é um amálgama de samba
sincopado e toques de balada mais a candente interpretação do mano Caetano. Um
luxuoso prazer ainda que envolto numa capa de minimalista modernidade.
Chico voltou à música no
ano passado (2011) depois de longa ausência envolvido com sua, a esta altura,
prestigiosa carreira literária. No álbum chamado simplesmente “Chico” ele
mantém o que foram algumas marcas de sua música em composições suaves e
delicadas. Nas letras o que à primeira vista pode parecer simples na verdade
contem elaboradas e singulares ideias representadas em sua sempre rica e às
vezes lúdica arquitetura de palavras.
Poesias e crônicas
desfilam numa diversidade de estilos que pode ir de “Meu Querido Diário” uma
espécie de versão atualizada do seu antigo “Cotidiano”, a “Se Eu Soubesse” que
pode lembrar uma chanson française. Há variações que tendem a um
tom mais reflexivo, mas sem atingirem um clima taciturno.
Sem pretender criar
nenhuma teoria localizo uma coincidência na experiência artística e de vida de
ambos. De uma forma ou de outra estão ou estiveram ligados à palavra escrita.
Caetano, que ainda nos
tempos de faculdade pretendeu ser crítico de cinema, anos atrás lançou um livro
muito bem escrito e sobretudo honesto, “Verdade Tropical”, sobre os primeiros
anos de sua carreira até partir para o exílio. Atualmente escreve uma coluna
aos domingos no “O Globo” no seu melhor estilo instigante e polemista.
Chico há muitos anos se
propõe uma alentada carreira literária e já afirmou que a literatura é muito
mais intrínseca nele que a música que seria “apenas instintiva”. Como leitor de
duas obras suas – “Budapeste” e “Leite Derramado” – me rendo absolutamente ao
seu talento como autor. Sempre bem recebido pela crítica (mesmo com algumas
contestações), é também um sucesso de vendas e editado em muitos países.
Minha pergunta é se o
fato de exercerem o ofício cartesiano da escrita, de alguma forma, como equilíbrio,
alimenta e estimula em suas respectivas personas, o lado mágico e
intuitivo da música.
Eu:
Concordo
plenamente com você em todos os pontos. É óbvio que existem diferenças
fundamentais entre Caetano e Chico, tanto nas personalidades quanto na verve artística
e criativa. No entanto, concordo quando você constata que são os últimos
grandes representantes e criadores da música brasileira que nasceu nos anos
1960.
No que
diz respeito a Caetano, o lado camaleão está onipresente em toda a carreira do
cantor. Nesse sentido, já foi feito por críticos o paralelo entre Caetano e
David Bowie. São artistas multifacetados que sempre souberam se inspirar nas
mais recentes ondas e tendências para criar uma obra em evolução permanente.
Contudo, é incontestável que, assim como Bowie, trata-se de um revestimento
sonoro, em uma corrida contra o tempo e o fato de envelhecer, já que, se você
ouvir Cê e Zii e Zie para além dos arranjos, verá que a estrutura
das composições de Caetano remete fundamentalmente às demais obras que ele
escreveu desde o começo da carreira. A mesma coisa acontece com a obra do
Bowie. Da mesma forma, a “transmodernidade” tão cara ao artista, ou o
“transsamba”, que em si é uma desconstrução de formas clássicas de composição
musical, é uma maneira atual de proceder a releituras, o que outros já fizeram
antes dele, notadamente um dos seus mais caros mestres, João Gilberto. Não é à
toa que “O homem velho” talvez seja a música mais pungente do CD Cê, assim
como “Never get old” foi do CD Reality de David Bowie. Acredito que grande
parte da inquietação desses dois artistas seja profundamente autorreferencial e
narcisista, sendo a busca permanente da criatividade um tipo de mecanismo, de
artefato para dar vazão a essa inquietação sobre a própria finitude, como um
“retrato de Dorian Gray”.
No caso
de Chico, há incontestavelmente uma preocupação bem parecida, mas de forma mais
reflexiva, como você diz, ou mais introvertida. Contudo, a inquietação
permanece em uma sofisticação cada vez maior da palavra, em jogo de pistas em
que as aparências enganam, os lugares e as épocas se confundem, numa mesma
corrida desenfreada contra o tempo, cujo fim, como em Leite Derramado,
tem como característica de ser tragicamente inelutável. Com o decorrer do
tempo, a jocosidade do malandro e do amante das “mulheres de Atenas”, foi
recuperada pela implacabilidade de nosso destino, algo que começou a se
desenhar em “O velho Francisco” e que, no CD Chico, está mais turva,
porém incontestavelmente presente nas entrelinhas das canções dedicadas ao
amor, à solidão e à relação de Chico com Thaís Gulin, que, sem dúvida,
constitui mais uma manifestação da corrida do artista contra o tempo, outro
retrato de Dorian Gray. Como se o artista epicurista tivesse descoberto a
tragédia grega.
Será que
Caetano e Chico são dois artistas wildianos? Quem sabe, essa seja a resposta à
tua pergunta final...
sexta-feira, 27 de abril de 2012
O charme discreto da burguesia
O charme discreto da burguesia
A burguesia já foi sinônima de revolução, de mudança de
regime e progresso até se tornar a nata, la crème de la crème, que de tão
cremosa e bem batida ficou azeda e sem graça. E da mesma forma que se degolaram
cabeças de reis, apareceram os degoladores da nova riqueza, falsos eremitas, sucedâneos
de Rasputin, desfocados da tela e da época que, na falta de lucidez, chamam a
votar 16. Mas isso não passa de um logro pós-trostkista, na falta de estrogonofe
consistente. Porque, pelo menos em São Paulo, hoje em dia burguesia não rima com
nada, a não ser em alguns logradouros almofadados dos Jardins, uns recantos privilegiados
e mofados do cartão de crédito sem anuidade e com milhas, que nasceram herdando
uns traslados “ad vitam aeternam” entre Daslu, Miami, Nova York e Paris. Uns resgatados
do antigo canal People and Arts, muita
alta definição para compensar a falta de cultura. Pois bem, nesse vácuo em que
estamos sendo sugados, não há mais bicho-papão da burguesia, o amargo verme do
tédio de não saber viver, esse vitriole social tão bem retratado por Balzac ou Zola,
já atingiu todas as classes, das mais abastecidas porém ignorantes, às mais
espertas porém necessitadas. Todos nós sofremos apagões permanentes, num grande
alzheimer coletivo. Somos esquecidos antes de sermos esquecidos. Tudo não passa
de uma questão de conjugação. Mesmo assim, não sabemos declinar nosso verbo apesar
de entrarmos num declínio. A vida se tornou cada vez mais surrealista, mas o charme
discreto da burguesia continua igual.
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Please, don't stop the music
A dívida do pop atual para com o velho disco sound é tão enorme que nem o FMI seria capaz de contabilizar tantas cifras e cobrar tantos juros. A disco music pode ter sido o trunfo de selos e produtores espertos, mas vale a pena lembrar que ela apareceu numa época de crise econômica, em que já havíamos rompido com os antigos valores surgidos no pós-Guerra e já estávamos cansados do poder das flores, dos cabelos compridos, ponchos e lhamas, do cheiro de queijo de cabra caseiro e até de tropeçar de tamancos na lama de Woodstock. Na época do primeiro choque petroleiro, todo mundo precisava ser plastificado, com glamour e paetê. Precisávamos brilhar mesmo que na escuridão. Aí surgiu uma cultura oriunda do R&B americano e repensada por alguns mágicos do som que entenderam que, com essa mana, iam fisgar os “manos” da época. Mas, tudo foi feito na marra, sem truques de computador. A época era anterior ao photoshop e vocoder e a moda evoluiu de acordo com o gosto do público. Enquanto Earth, Wind & Fire ou Michael Jackson injetavam no seu som toques africanos, a velha Europa misturava reggae, ska, drumbeat com Kraftwerk para produzir ousadias que, vinte anos depois, deram à luz Guettas ou Sinclars, ou outros Calvin Harris.
Donna Summer, Diana Ross, Village People, KC and the Sunshine Band, Cerrone, Bee Gees, Patrick Juvet, Ami Stewart, Sylvester, Amanda Lear, Boney M ou ainda Chic e Sister Sledge, não somente marcaram sua época, como abriram o caminho para uma sociedade mais pluricultural e plurissexual, que seguia os passos de Tony Manero nas pistas em que tantas pessoas no começo da noite gritavam "I Feel Love” para sairem na rua no amanhecer soluçando “I will survive". E muitos países tiveram seus “Dancing Days”, cada um com seus santos “lulus” e suas frenéticas. Com a chegada dos anos 1980, a onda “disco” murchou, tornando-se cada vez mais uma lembrança, placebo das festas “revival” que até hoje animam as pistas do mundo todo. Entretanto, as estrelas do pop começaram a se sentir “como virgens” até serem bonecas plastificadas, rainhas do playback ou juradas de programa de calouros à procura do próximo ídolo instantâneo. Mesmo assim, a música disco ainda traz as mais gostosas lembranças de uma época em que curtir bolachas (especialmente as versões especiais 12” que, naquele tempo, não precisavam ser orgânicas, nem diet) não era um pecado e em que a cafonice ainda não havia sido recuperada por Mamma Mia ou Priscila, Rainha do Deserto. Mas, nos nossos tempos regulados pelo download e o descartável, sobrou pouco espaço para a verdadeira homenagem à época que, de certa forma, ainda era a da inocência. E o mais interessante é que essa homenagem vem de um talentoso artista paulistano chamado Péricles Martins, que assinou um dos discos mais instigantes e dançantes de 2011, Pure Gold, sob o nome Boss in Drama. Uma ode à época disco, um prazer para os ouvidos e os quadris. O som de Boss in Drama é imperdível e insuperável. So, please don’t stop the music.
http://www.facebook.com/bossindrama?sk=info#!/bossindrama
domingo, 22 de abril de 2012
Le 3ème homme
Le premier tour des élections présidentielles françaises montre sans aucun doute que la vieille Europe a besoin de sang nouveau et de renouveau. L'échec électoral de la droite traditionnelle, représentée par Sarkozy, son plus pur exemple d'arrogance et stratification sociale, ne peut cacher l'absence de succès de la gauche également traditionnelle, qui, si elle n'est plus caviar, ne représente plus l'espoir de « l'homme avec une rose à la main » qui « a montré le chemin », si bien chanté par Barbara. Car le parti socialiste ne peut nier qu'il s'est embourgeoisé et s'est détaché de la véritable réalité sociale pour devenir chaque fois plus centriste, comme étant la face politiquement correcte d'une France perdue entre son peuple et ses "people". Devant ce scénario politique peu encourageant, il n'est pas étonnant que surgisse le 3ème homme, celui de toutes les peurs et de tous les émois, mais il est lamentable que ce troisième pouvoir ne passe d'un leurre à la mesure de la fausse blondeur de sa représentante, « machisée » en leader de la « véritable opposition » par les propres membres de son parti. L’option, qu'elle soit politique, sociale ou culturelle, n'est pas seulement un choix, mais une soupape de sûreté qui garantit la pleine expression de la démocratie et du droit à la parole de tous. Le risque est que ce droit à la parole (ou à la révolte, qui, en soi, se justifie) ne s'exprime par l'apologie de son contraire, à savoir par la glorification de l'exacerbation des plus terribles préjugés et fascismes et par la négation du débat et, ainsi, de la propre option. L'incapacité d'un régime politique à résoudre les problèmes économiques et sociaux de son époque ne veut pas dire que ce même régime soit à la fois à l'origine et à la fin de ces problèmes. Sarkozy est responsable de ses erreurs, mais il n'est certainement pas responsable de la crise économique qui frappe l'Europe et une grande partie du monde occidental. Et c'est faire preuve d'ignorance que de penser qu’un président, indépendamment de sa tendance politique, pourrait résoudre cette crise à l'échelle nationale, en ignorant le reste du monde dans lequel nous vivons. La maladie de la France est celle d’une société stagnée qui souffre d'un manque d'utopie, d'une grande proposition qui la fasse aller de l'avant, même si pour peu de temps, comme "la rose à la main" qui a si bien éclos en 1981 et a (trop) vite fané. Mais si nous devons encore et toujours rêver d'utopie, d'autre ère et d'autre air, nous ne pouvons croire que ce monde parfait soit représenté par les plus purs exemples de l'ostracisme éthique, ethnique e social. Par ceux qui, au XXI siècle, contemplent encore les pire moments des ténèbres et renient les fondements primordiaux, qui de Rousseau à la Déclaration des droits de l'homme, ont construit les plus magnifiques cathédrales de notre société. Ceux qui, au-delà de la déification des idéaux, ne reconnaissent pas que tous les hommes naissent libres et égaux. Ceux qui croient que le futur de notre histoire passe par la restriction de l’accès à nos frontières, par un retour frileux au pire des contrôles étatiques et à la négation du système économique et social construit dans les cinquante dernières années. Ceux qui pensent nous leurrer par un discours où « bouter l’anglois [et autres démons plus méridionaux] hors de France » est devenu le leitmotiv de fervents récupérateurs de Jeanne avant le bûcher, l'exacerbation de nos concepts les plus poujadistes. Car, si nous avons le droit de croire dans le futur de la France, nous devrions certainement penser avant de donner au « 3ème homme » le suffrage qu’il ne mérite certainement pas, avant de le légitimer comme contre-pouvoir et lui permettre de penser qu’il peut de nouveau changer l’hymne national. Car si la "Marseillaise" peut aujourd’hui paraître bien belliciste, elle reste certainement plus émouvante et unificatrice que ne l’était, l’est et le sera "Maréchal nous voilà".
sexta-feira, 20 de abril de 2012
Será que afundamos de vez?
O ano era 1997 e os espectadores do mundo todo choravam ao
descobrir a trágica história do jovem e pobre plebeu e da linda moça rica, cujo
amor ia se perder no abismo do oceano junto ao mais mítico navio já construído.
O ano era 1997 e as pessoas esperavam pela chegada do milénio, algumas
esperançosas de que as coisas pudessem mudar, outras já temendo a chegada do bug
que ai devolver a nossa civilização às trevas. O bug não passou de um
"logrotipo" e, anos depois, as trevas se tornaram fenômeno de
bilheteria do cavaleiro Batman. O mundo entrou no novo milénio cheio de
confiança até que as míticas torres nova-iorquinas afundassem de vez e se
tornassem a prova concreta de que majestosos navios e edifícios não passam de
estruturas projetadas pelo homem à sua dimensão, frágeis construções de ferro e
vidro que, assim como seus criadores, têm sua morte inscrita no próprio ato de
nascer. Entretanto, tudo mudou e as emoções se tornaram mais frias,
antecipadas, monitoradas e twittadas. Não há mais história de amor impossível entre
pobre plebeu e moça rica, mas insonsas adolescentes entediadas querendo se
tornar vampiras ou participar de jogos vorazes. Os novos heróis só vivem na
fantasia, seja do mundo dos bruxos, ou dos histéricos robôs transformadores de
tela em tédio, ou ainda de bilionários e desabusados homens de ferro. E até o
diretor de Titanic encontrou seu avatar num filme politicamente correto sobre a
salvação da natureza. Os (des)equilíbrios econômicos mudaram. Tio Sam e a velha
Europa estão descobrindo que Confúcio sempre esteve adiante enquanto a deusa
Atena rasga a toga e pede esmola. Com certeza, nesses últimos 15 anos houve
muitos náufragos mais importantes do que o do Titanic, muitas certezas
afundaram no oceano da nossa desilusão e incapacidade de seguirmos adiante. Somos
cada vez mais tecnologicamente velozes, porém cada vez mais intelectualmente
emperrados, dentro de um paradoxo que não parece ter mais saída... O ano era
1997 e os espectadores do mundo todo choravam diante do trágico amor impossível
de dois belos adolescentes que queriam mudar o mundo num magnífico barco que, apesar
de ter afundado, trouxe esperança. Hoje os mesmos espectadores e as novas
gerações podem chorar de novo... discretamente escondidos atrás dos óculos 3D.
sábado, 14 de abril de 2012
a vergonha do voyeur
O filme Shame estreou há algumas semanas no Brasil, logo deixando um rastro de pólvora na mídia por causa de sua provocante temática. De fato, ao contar a história e redenção de um homem viciado em sexo, Shame não deixa de cutucar as mais íntimas partes (e feridas) do corpo e da natureza humana. O filme se destaca por suas inúmeras qualidades, seja na exímia direção do talentoso cineasta britânico Steve McQueen, seja pela impecável interpretação de Michael Fassbender e Carey Mulligan que, nos papéis principais, encabeçam um elenco irretocável. No entanto, apesar de tantos elogios, não posso deixar de expressar certa ressalva, embora eu deva reconhecer que se trata de uma obra profunda e instigadora (o que, em si, não deixa de ser uma enorme qualidade, visto o marasmo em que boia o cinema, sobretudo mainstream, que pensa que 3D e outros artifícios podem suprir à total falta de imaginação que caracteriza grande parte da produção atual). Pois bem, Shame não cai nessas armadilhas, mas talvez peque por outras. Talvez a maior seja de optar por tratar a compulsão pelo sexo como uma tara da qual o protagonista somente pode escapar através da redenção, que, por sua vez, acontece como o despertar de um pesadelo, um surto psicótico diante do medo da morte de alguém querido e da incapacidade de dar e compartilhar amor. De certa forma, essa visão não deixa de ser extremamente moralista, tipicamente ancorada na época em que vivemos, em que a liberdade de expressão se materializou e desbrochou nos novos meios de comunicação (internet, Facebook, Twitter...) para melhor se autocensurar na armadilha do politicamente correto. Isso talvez explique por que sempre há um distanciamento entre o filme e o público, o qual nunca (ou raramente) sente apego, se não tesão, diante das cenas (as vezes quase explícitas) que desfilam na tela, mas constrangimento, fazendo com que voltemos ao papel essencial do espectador diante de uma tela, o de voyeur. Esse constrangimento incomoda porque faz do nosso olhar algo obsceno, obcenidade que chega ao seu ápice na sangrenta hora da redenção do herói. Não é a toa que esse filme se chama "vergonha". Pena que esteja lhe faltando a brejeirice de filmes como Shortbus.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
on the other side of the mirror
Madonna lançou seu novo CD e, apesar de ótimas críticas, as vendas não são condizentes com a opinião da imprensa. Aí chegam comentários maldosos sobre a decadência da artista e até pessoas contabilizando on-line as vendas de ingressos da sua próxima turnê para provar que os estádios em que ela vai se produzir vão ficar "às moscas"... Aí penso que as coisas não são bem assim. Numa época em que a música mudou de configuração, em que a venda de discos não é mais um fator relevante, os artistas não estão mais vinculados a parametros de "paradas de sucessos", mas sim ao que as músicas que cantam representam na vivência ou no imaginário de quem estiver ouvindo e curtindo. Afinal, a Madonna chegou aos 53 anos e ela não pode querer competir com as "gostosonas" da hora, as Rihannas ou Katty Perrys atuais, que mexem com a testosterona dos adolescentes. Aí, ela faz o que sempre fez.. Um disco pop, ultra bem feito, enxuto e repleto de sucessos, porém totalmente sem despertador de testosterona para quem ainda tem que lidar com problemas de acne... Mas quem passou dessa fase vai se divertir com o som de uma das maiores ícones da música pop. Ou seja, assim como McCartney, U2 e outros ícones da uma geração (ou até duas) history repeats again, com ou sem Itune, Ipod e Ai quem me dera. Há um tempo para brotar e outro para colher. Com photoshop ou sem, quem não surfou na última onda se afolgou ou aprendeu a nadar? Tudo é questão de perspectiva.
Oddies but goodies
Numa época em que precisamos ser esbeltos, exímios e curtos, pensei que se apenas twittarmos e facebookarmos, se formos sempre "shorts", vamos acabar perdendo a "substantifique moëlle" que tem trema e nos nutre tanto quanto (e até melhor) o Moët e Chandon...
Por isso, resolvi retomar o blog. Só para poder escrever um bocadinho mais sobre o que acho e o que quero compartilhar com quem quiser. Li muita crítica sobre os blogs, sobre o fato de "qualquer um" dar a sua opinião. Sobre a invasão dos plebeus na área dos jornalistas. Desculpem-me, mas o fato de ter diploma de jornalismo não traz inteligência, nem cultura e ainda menos bom senso. Li tantas besteiras por parte de jornalistas, tanta falta de discernimento, tão "lack of background", que acho que a internet é uma ferramenta mais do que valiosa para nos livrarmos dos falsos pensadores da nossa época, dos "Tartuffe" do falso jornalismo. E voltando ao blog em si, quero compartilhar com vocês o último CD de Paul McCartney "Kisses on the bottom", uma ode à música inglesa dos anos 1920 e 1930, muito gostoso. Um CD para curtir numa tarde chuvosa, tomando chá e lendo Agatha Christie. So British.. Wanna pour some sugar in your tea, honey?
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