O ano era 1997 e os espectadores do mundo todo choravam ao
descobrir a trágica história do jovem e pobre plebeu e da linda moça rica, cujo
amor ia se perder no abismo do oceano junto ao mais mítico navio já construído.
O ano era 1997 e as pessoas esperavam pela chegada do milénio, algumas
esperançosas de que as coisas pudessem mudar, outras já temendo a chegada do bug
que ai devolver a nossa civilização às trevas. O bug não passou de um
"logrotipo" e, anos depois, as trevas se tornaram fenômeno de
bilheteria do cavaleiro Batman. O mundo entrou no novo milénio cheio de
confiança até que as míticas torres nova-iorquinas afundassem de vez e se
tornassem a prova concreta de que majestosos navios e edifícios não passam de
estruturas projetadas pelo homem à sua dimensão, frágeis construções de ferro e
vidro que, assim como seus criadores, têm sua morte inscrita no próprio ato de
nascer. Entretanto, tudo mudou e as emoções se tornaram mais frias,
antecipadas, monitoradas e twittadas. Não há mais história de amor impossível entre
pobre plebeu e moça rica, mas insonsas adolescentes entediadas querendo se
tornar vampiras ou participar de jogos vorazes. Os novos heróis só vivem na
fantasia, seja do mundo dos bruxos, ou dos histéricos robôs transformadores de
tela em tédio, ou ainda de bilionários e desabusados homens de ferro. E até o
diretor de Titanic encontrou seu avatar num filme politicamente correto sobre a
salvação da natureza. Os (des)equilíbrios econômicos mudaram. Tio Sam e a velha
Europa estão descobrindo que Confúcio sempre esteve adiante enquanto a deusa
Atena rasga a toga e pede esmola. Com certeza, nesses últimos 15 anos houve
muitos náufragos mais importantes do que o do Titanic, muitas certezas
afundaram no oceano da nossa desilusão e incapacidade de seguirmos adiante. Somos
cada vez mais tecnologicamente velozes, porém cada vez mais intelectualmente
emperrados, dentro de um paradoxo que não parece ter mais saída... O ano era
1997 e os espectadores do mundo todo choravam diante do trágico amor impossível
de dois belos adolescentes que queriam mudar o mundo num magnífico barco que, apesar
de ter afundado, trouxe esperança. Hoje os mesmos espectadores e as novas
gerações podem chorar de novo... discretamente escondidos atrás dos óculos 3D.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
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eric,
ResponderExcluiradorei o post e as músicas, mas eu quero mesmo é ver aqui os pratos maravilhosos que vc cozinha!
beijos