terça-feira, 30 de junho de 2009

Abobrinhas gratinadas à moda de Lyon


(Para 4 pessoas)

A cidade de Lyon, situada na confluência dos rios Ródano (Rhône) e Saône, é sem dúvida o maior e mais importante centro gastronômico da França, com ótimos restaurantes que se contam entre os melhores do país, e levam à mesa uma culinária rica, criativa e deliciosa.

Assim, esta linda cidade, a segunda maior da França, hospeda o celebrado restaurante de Paul Bocuse e o Instituto do mesmo chef, uma das maiores universidade de gastronomia do mundo, além de receber eventos internacionais vinculados à gastronomia, como o SIRHA, Salão Internacional de Restauração, Hotelaria e Alimentação.

A região deu origem também a pratos cotidianos típicos, entre os quais esta preparação de abobrinhas.

Trata-se de uma receita fácil, econômica e ótima para uma refeição convivial nos dias de inverno.

A receita original não tem tomate. Porém, acho que dá um leve toque de frescor ao prato, além de deixá-lo mais colorido.

O uso do tomilho e da noz-moscada também é facultativo, dependendo do gosto de cada um.

Aconselho ralar o queijo na hora. Na falta de gruyère, o emmental serve perfeitamente.

Ingredientes

· 4 abobrinhas médias
· 3 cebolas grandes
· 100 g de tomate-cereja
· 60 g de queijo gruyère ralado
· tomilho fresco
· noz-moscada
· azeite
· pimenta-do-reino
· sal

Preparo

Lave bem as abobrinhas e corte-as em rodelas médias sem descascar.

Corte as cebolas em anéis médios.

Corte os tomates-cereja em dois.

Em uma frigideira antiaderente, doure separadamente em fogo alto as rodelas de abobrinhas e os anéis de cebola no azeite.

Acrescente o sal, a pimenta-do-reino, a noz-moscada e reserve.

Chamusque rapidamente os tomates-cereja na mesma frigideira; acrescente sal, pimenta-do-reino e tomilho fresco e reserve.

Em uma forma refratária, acomode em camadas sobrepostas os anéis de cebola e as rodelas de abobrinha.

Finalize com o queijo ralado e os tomates.

Leve ao forno bem quente para gratinar.

Sirva em seguida.

domingo, 28 de junho de 2009

The Man in the Mirror


Ao saber da morte de Michael Jackson, na última quinta-feira, senti uma infinita tristeza, como se eu estivesse perdendo um ente querido.

Porém, o único disco que comprei do artista foi Thriller, obra-prima da música pop lançada em 1982, ainda na época remota das bolachas.

Antes de Thriller, Jackson era um perfeito desconhecido no meu universo musical – descobri e apreciei Off the Wall­­ depois de ouvir Thriller – e a Jackson Family sempre foi um fenômeno tipicamente norte-americano, de pouca repercussão na França.

Depois de Thriller, não prestei tanta atenção à carreira do artista e acabei sabendo dele muito mais pelo freak show que o acompanhou por muitos anos do que por motivos artísticos.

Enfim, como todo mundo, fiquei curioso quando ele anunciou sua volta aos palcos, embora eu tivesse a sensação que essa decisão fosse mais por motivos principalmente financeiros que artísticos, e não esperasse que a fênix renascesse de suas cinzas sob os céus londrinos.

Sendo assim, não havia motivo sequer para tanta tristeza e para explicar o sentimento de perda que a notícia provocou em mim.

Contudo, nos últimos dias percebi que a comoção é geral e que várias pessoas sentiram a mesma emoção que eu, embora elas também não tivessem sido fãs ardorosas do artista.

Aí, lembrei de 1977 e da morte de Elvis Presley. Na época eu era adolescente e mal sabia quem era o "King of Rock'n'Roll". Para mim, tratava-se de um artista meio gordo e com roupas cafonas que se apresentava nos palcos de Las Vegas.

Entretanto, lembro que meus pais ficaram bastante abalados pela notícia, embora em casa não tivesse nenhum disco do cantor, a não ser um antigo 45 rpm de "Hound Dog", comprado por eles havia muito anos.

E depois, lembrei também da tristeza que senti ao saber da morte de John Lennon e de Freddie Mercury, dois artistas muito mais próximos do meu gosto musical do que o próprio Jackson.

Então, é certo que a comoção gerada pela morte de Michael Jackson ultrapassa o sentimento da perda da pessoa em si para alcançar uma dimensão bigger than life, como foi a representação do poder do próprio artista no imaginário coletivo.

Não há dúvida de que procuramos sempre, mesmo que inconscientemente, ultrapassar nossas limitações naturais. Para fazê-lo, escolhemos alguns eleitos que, por terem dons excepcionais ou simplesmente por estarem no lugar certo na época certa, transformamos em ídolos ou super-heróis por meio de cultos que são verdadeiros atos de sublimação fetichista.

Assim Michael Jackson foi eleito o “Rei do Pop”, o artista universal cujo moonwalk virou fenômeno social universal, em que milhares de pessoas se espelharam. E sua influência artística é tão durável que, ainda hoje, o novo ídolo pop internacional, Justin Timberlake, não esconde, na sua música e nos seus passos de dance, em quem ele se espelhou.

E não há também dúvida de que ídolos ou super-heróis não podem morrer, - pelo menos nunca no auge da carreira ou antes do fim do curso "normal" da vida - porque, ao falecerem, quebram o espelho e nos devolvem, da mais cruel maneira possível, à mera condição de seres finitos e limitados. Então, ao chorar a perda que sentimos com a morte deles, choramos de fato nossa própria perda. Por isso tamanha comoção.

sábado, 20 de junho de 2009

Coralie Clément no Brasil

O Ano da França no Brasil traz aos palcos de São Paulo a cantora francesa Coralie Clément, que irá se apresentar na cidade no fim deste mês, no dia 23 no Bourbon Street e nos dias 26 e 27 no Sesc Pompéia.

Filha de músico e irmã do excelente cantor e compositor Benjamin Biolay – que, por sua vez, compôs “Jardin d’hiver” para Henri Salvador e já se apresentou no Brasil em 2008 –, Coralie Clément iniciou sua carreira discográfica em 2001, com o CD Salle des Pas Perdus, que teve ótima repercussão não somente na França, mas também em diversos países, como Alemanha ou Japão. Assim, a canção “Samba de mon cœur qui bat”, composta por Biolay, fez parte da trilha da comédia romântica Alguém tem que ceder (2003), com Jack Nicholson e Diane Keaton.

Trata-se de um disco bastante acústico, em que Coralie Clément não esconde suas influências musicais, entre as quais Serge Gainsbourg e cantoras como Françoise Hardy ou Jane Birkin.

Em 2005 ela lança seu segundo CD, Bye Bye Beauté (que teve edição nacional na época), de tonalidade mais rock, notadamente por causa da participação de Daniel Lorca, do grupo Nada Surf, que divide a produção do disco com Biolay.

Em 2008 é lançado Toystore, de novo produzido por Biolay, em que se destaca a canção ”C’est la vie”, além de dois duetos, “Je ne sens plus ton amour” com Etienne Daho e “Sono io” com Chiara Mastroinani. O disco remete ao ambiente acústico do primeiro CD e traz certa maturidade tanto no canto quanto nos temas abordados nas letras.

Vale conferir o universo de Coralie Clément, em que se encontram em perfeita harmonia a chanson francesa, o pop inglês e também a bossa nova.

O site da cantora http://www.myspace.com/coralieclment traz informações sobre sua carreira, além de algumas músicas do mais recente CD.

Para quem quiser conhecer também o universo musical de Benjamin Biolay, http://www.benjaminbiolay.com/ e http://www.myspace.com/benjaminbiolay

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A divina comédia – existe verdadeira democracia sem cidadania?

Alguns acontecimentos recentes levam à reflexão sobre democracia e cidadania.

É incontestável que alguns países emergentes, entre os quais o Brasil desde o fim dos anos 1980, seguem um formidável processo de aprendizagem da cidadania, em que todos os membros da sociedade são convidados a ter voz ativa, não somente na hora de votar, mas também como guardiões permanentes do princípio de garantia do modelo constitucional democrático.

Este modelo político e societal tem por fundamento princípios imprescindíveis a todo Estado democrático, que são a transparência das instituições e o respeito às leis, além naturalmente de uma boa governança.

A aprendizagem do modelo democrático é em si um processo iniciático que leva progressivamente o aprendiz a conhecer e dominar as ferramentas que usa, no intuito de potencializar seu poder decisório de forma eficiente e produtiva.

Nesse processo iniciático, é incontestável que a mídia tem um papel altamente didático, ao denunciar sistematicamente fatos relevantes de entrave ao processo de transparência das instituições e de desrespeito às leis, sejam estes vinculados ou não a esquemas de corrupção política e/ou financeira.

Por outro lado, não há dúvida que o processo democrático esteja naturalmente vinculado ao aumento do poder aquisitivo, como já o destacou o constitucionalista Maurice Duverger.

A noção de poder aquisitivo pode ser vista de duas maneiras: por um lado, o aumento da renda individual do cidadão, e consequentemente, a melhoria de sua educação, de seu entendimento e de sua participação na vida social. Por outro lado, o desenvolvimento econômico, que torna o país emergente parceiro econômico internacional, obrigando-o a garantir a manutenção de instituições democráticas e transparentes.

De certa forma, o processo de globalização, ao criar mecanismos políticos e financeiros internacionalmente ligados, também cria obrigações e garantias políticas interligadas, cujo desrespeito é fator excludente de participação no mesmo processo.

Todavia, a democracia não pode realmente vingar se não for amparada por uma verdadeira compreensão e aceitação da cidadania por todos os componentes da sociedade. Ao tratar da cidadania, não estou somente me referindo ao contrato social de Rousseau, em que cada indivíduo se coloca à disposição da suprema direção da vontade geral.

Entendo como cidadania a compreensão, a aceitação e o respeito às regras e leis existentes, tanto na sua concepção quanto na sua aplicação e seus limites. O cidadão tem que entender o que lhe é permitido, e o que está além e aquém de seu alcance. Assim, a noção de permissão não diz respeito ao que é simplesmente autorizado por lei ou decreto, mas ao que socialmente é permitido dentro das normas do civismo social.

Assim, o indivíduo, ao receber determinado cargo ou estatuto social, encontra-se imbuído de deveres e direitos. O indivíduo cidadão, ao se deparar com os mesmos deveres e direitos, entende, aceita e respeita os limites impostos pela própria natureza aos direitos e às responsabilidades a ele confiados, e tende a agir com civismo e transparência.

Agora, o indivíduo que se aproveita dos direitos vinculados ao cargo ou estatuto que lhe é atribuído, embora tenha plena consciência de que, por motivos outros que não os de puro direito, se encontra fatualmente aquém ou além desses direitos, desconhece as regras básicas de civismo e transparência.

Assim, não basta implantar, por lei ou regras corporativas, o direito a verbas tais como ajuda de custo, de viagem ou de moradia, para que esses valores sejam intrinsecamente ligados ao cargo. É ainda preciso que o titular do cargo esteja em condições fatuais ou financeiras de pleitear o benefício desse direito.


Da mesma forma, não basta constatar que uma instituição nunca coibiu a contratação de familiares para que isso crie um direito à absolvição implícita dos atos cometidos, como se fossem atos normais de exercício do poder.

Quem está encarregado de poder representativo e dos direitos vinculados a esse poder e faz conscientemente uso impróprio deles, ainda que dentro de um âmbito legal, não se comporta de forma ética. Ao se prevalecer dessa legalidade para erradicar qualquer questionamento quanto à utilização dos direitos e regalias vinculados à sua função, o indivíduo deturpa a noção de legitimidade, desconhece e até despreza seu dever e papel de cidadão.

Ao comportar-se dessa forma, acaba por se tornar culpado de falsidade cívica e anula o próprio princípio de transparência que deve prevalecer para o fortalecimento das instituições democráticas.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Coup de cœur à Marc Collin

Marc Collin é arranjador e produtor, junto com Olivier Libaux, do Nouvelle Vague, grupo que está lançando este mês seu 3º opus, com a participação especial de músicos convidados, como Martin Gore, do grupo Depeche Mode; Ian McCulloch, do Echo and the Bunnymen; e Terry Hall, dos Specials.

Nouvelle Vague é um projeto artística e comercialmente bem-sucedido de releitura de músicas dos anos 1980, principalmente do repertório punk e new wave, em estilo bossa-nova e acústico. Os dois primeiros CDs, Nouvelle Vague (2004) e Bande à part (2006), venderam cerca de 500.000 cópias e tiveram a participação especial de cantoras que em seguida desenvolveram com sucesso carreira solo, como Camille ou Helena Noguera. O novo disco, intitulado simplesmente 3, segue os padrões dos dois primeiros, mas com a particularidade de ter participação especial de músicos oriundos de bandas cujas músicas constituem o repertório do novo trabalho. Entre as releituras, destacam-se “Master and Servant”, do Depeche Mode; “Road to Nowhere”, dos Talking Heads, ou ainda “God Save the Queen”, dos Sex Pistols.

Marc Collin, assim como Alex Gopher ou Daft Punk, está entre os artistas que, no fim dos anos 1990, fizeram parte da “cena de Versailles”, no movimento de música eletrônica francesa chamado “French Touch”, que teve repercussão mundial com artistas como Air ou Étienne de Crécy, entre outros.

Além do projeto Nouvelle Vague, Collin tem outras produções muito interessantes que remetem a influências pop e jazz, e escreve também trilhas de filmes. Ele se inspira igualmente na cultura dos anos 1960, como mostra o CD Les Pétroleuses (2002) – título homônimo ao de um filme com Brigitte Bardot e Claudia Cardinale –, em que compõe uma trilha sonora imaginária para um filme, que seria ambientado nessa época.

Em 2007, ele compõe e produz o CD Two for the Road, referência direta ao filme de Audrey Hepburn, em que inventa um roteiro narrando a história de um casal com melodias de inspiração eletroacústica. Em 2008, é a vez do ótimo projeto Hollywood, Mon Amour, releitura de músicas de cinema dos anos 1980, na mesma veia dos projetos do grupo Nouvelle Vague, com participação especial de artistas como Yael Naim, Cibelle ou ainda Skye.

Além do lançamento do novo CD de Nouvelle Vague, Marc Collin participa igualmente no excelente CD Private Domain, em que a artista Iko, de formação clássica, faz uma releitura pop e eletrônica de obras clássicas de compositores como Fauré, Monteverdi, Rameau ou Purcell, com participações especiais, entre as quais Emilie Simon e Murcof.

A página MySpace do Nouvelle Vague disponibiliza para escuta várias faixas do novo disco: http://www.myspace.com/nouvellevague

Sobre Hollywood, Mon Amour, visite o site http://www.hollywoodmonamour.com/
com entrevista em que Collin detalha esse projeto.

Algumas faixas do CD Private Domain podem ser ouvidas no site da gravadora Naïve http://en.naive.fr/#/artist/private-domain

quinta-feira, 4 de junho de 2009

À procura de M. Gainsbourg

Na sua última visita ao Brasil, Charles Aznavour teria declarado a um jornal brasileiro que a chanson francesa é importante principalmente graças às letras, e não à música. A meu ver, o artista não deixa de ter razão e de ser omisso ao mesmo tempo. Há de fato grandes letristas, mas também grandes compositores de música popular francesa. Sem querer comparar com a música popular brasileira, que, a meu ver, em ambos os quesitos é inigualável, a canção francesa deixou suas pegadas na música popular internacional por meio de canções como “La mer”, “La vie en rose”, “Les feuilles mortes”, “Et maintenant” e, claro, “Je t’aime moi non plus” de Serge Gainsbourg.

Gainsbourg certamente foi o maior autor de música popular da França dos últimos 40 anos, e sua influência ultrapassou as fronteiras não somente do país, mas também da francofonia, para alcançar verdadeira dimensão planetária.

O Sesc Paulista apresenta uma exposição sobre o artista até o dia 7 de setembro, dentro das comemorações do Ano da França no Brasil, e acredito que, para quem ainda não o conhece, seja uma ótima maneira de ter uma primeira abordagem com esse artista complexo e múltiplo.

http://www.sescsp.org.br/

Gainsbourg nasceu em 1928, filho de judeus russos que migraram para a França na época da Revolução Bolchevique de 1917. Nos anos 1950, começou por se dedicar à pintura (sua grande paixão), para em seguida iniciar uma carreira de cantor crooner e pianista de cassino e de clubes noturnos. A cantora Michèle Arnaud, da qual foi músico no fim dos anos 1950, ao descobrir suas composições, incita-o a gravar os primeiros discos, bastante influenciados pelo jazz pós-guerra, e que fazem sucesso junto a um público restrito.

Entretanto, a inegável qualidade dessas canções faz com que Gainsbourg comece a compor para vários artistas da época, principalmente mulheres, entre as quais Juliette Gréco e Petula Clark. O sucesso mais amplo chega, enfim, com as canções “Comment te dire adieu”, cantada por Françoise Hardy, e “Les sucettes”, com France Gall, que são as premissas do encontro de Gainsbourg com o universo pop.

Em 1967, ele tem um romance com Brigitte Bardot, para a qual compõe algumas de suas mais famosas canções, como “Initials BB”, “Bonnie and Clyde” e “Harley Davidson”. Em 1968, ele encontra Jane Birkin, com quem ficará até 1978. Juntos eles gravam "Je t’aime moi non plus", sucesso planetário, composto primeiramente para Bardot. A atriz chegou a gravar a canção, mas se opôs ao lançamento comercial até 1986.


(Gainsbourg com Jane Birkin)

A partir desse momento, Gainsbourg alcança a fase áurea de sua carreira musical com o lançamento do disco mítico L’Histoire de Melody Nelson (1971), seguido por Vu de l’Extérieur (1973), Rock aroud the Bunker (1975) e L’Homme à la Tête de Chou (1976). Esses discos, se fizeram pouco sucesso de vendas na época, são hoje considerados obras essenciais não somente para a história da canção francesa como pela influência que têm junto a muitos artistas, entre os quais Beck, Moby, Placebo, Nick Cave ou Massive Attack, e outros.

Paralelamente, Gainsbourg se torna cada vez mais dependente do cigarro e do álcool – sofre um infarto em 1973 – e tem um comportamento altamente provocador que choca a França ‘giscardista’ do fim dos anos 1970. Essa fase da carreira do artista, que seguirá até sua morte, em 1991, tem seu auge com o lançamento do disco Aux Armes et Cœtera (1979), produzido na Jamaica com os músicos de Bob Marley e em que ele grava a Marselhesa em versão reggae, com coro de cantoras jamaicanas no refrão. O disco se torna um grande sucesso comercial, mas Gainsbourg sofre ameaças de extremistas da direita e o próprio exército francês irá até impedir a realização de um show do artista. Nesses últimos anos, Gainsbourg vai criar um alter ego, chamado Gainsbarre, que será o duplo transgressivo do artista, como Dr Jekyll e Mr Hyde, dupla infernal que, aliás, foi musicada por Gainsbourg em uma canção dos anos 1960.

Além do talento de compositor, Gainsbourg mostra toda a sua verve como letrista, com letras altamente complexas, cheias de trocadilhos, duplos sentidos e certa ironia, herdada do escritor Boris Vian, que o influenciou muito. A temática erótica está frequentemente presente nas composições desde os anos 1960 até as últimas obras, como, por exemplo, em “Lemon incest”, que compôs para sua filha Charlotte Gainsbourg em 1985. Gainsbourg compôs também inúmeras trilhas de filmes e foi diretor de quatro longas-metragens e vários clipes. Até o fim da carreira, continuou compondo para outros artistas, como Vanessa Paradis (mulher de Johnny Depp), Alain Chamfort, Alain Bashung, mas também atrizes como Catherine Deneuve e Isabelle Adjani.

Para quem quiser mais informações, existem vários sites sobre o artista, entre os quais recomendo http://gainsbarre.typepad.com/. Alguns discos (importados) podem ser encontrados no Brasil, em lojas como a Fnac, Saraiva ou Livraria Cultura, assim como o CD Monsieur Gainsbourg (em edição nacional), com releituras de canções do artista por Franz Ferdinand, Feist, Kid Loco, Portishead, entre outros. Finalmente, recomendo a leitura do livro Um punhado de gitanes de Sylvie Simmons, publicado em português pela editora Barracuda.

As informações relativas à programação do Ano da França no Brasil estão disponíveis no site do Ministério da Cultura: http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Aviso aos navegantes

A nave Enterprise está de vento sideral em poupa com o filme Star Trek, cujo merecido sucesso (principalmente no mercado norte-americano) ultrapassa todas as expectativas. Embora eu não seja tão apegado a computações de resultados e lucros por serem meramente dados mercantis, não posso deixar de sentir certa satisfação diante da recompensa de um trabalho que soube rejuvenescer da melhor maneira possível esta antiga franquia. Ainda mais se lembrarmos os estragos já cometidos pelos estúdios de Hollywood ao quererem levar à telona clássicos da telinha como Missão: Impossível ou As loucas aventuras de James West, entre outros.

E como uma boa notícia nunca vem sozinha, acaba de ser lançado pela Editora Aleph -
www.alephnet.com.br - o Almanaque Jornada das Estrelas, de Salvador Nogueira e Susana Alexandria, que é o primeiro livro do gênero totalmente concebido e realizado no Brasil.

Esse almanaque é rico em dados, imagens e curiosidades sobre uma das séries de televisão mais conceituadas que já existiu. Além de trazer informações detalhadas sobre as três temporadas da série original, apresenta as personagens principais, conta, por exemplo, como foram concebidos os temidos klingons e romulanos, ou ainda narra a saga da criação das famosas orelhas de Spock.

Há também um capítulo muito rico em detalhes sobre a ida da série para o cinema com informações sobre todos os filmes produzidos, inclusive o último. E não faltam também páginas consagradas às outras séries da franquia.

E para o prazer dos trekkers brasileiros, a cereja do bolo é a primeira edição na língua portuguesa das tiras satíricas do cartunista John Cook, publicadas sob o nome Sev Trek e que, por si sós, tornam a aquisição desse livro algo indispensável.

Finalmente, para consertar uma omissão na postagem que já consagrei a Star Trek neste blog
http://metreno.blogspot.com/search/label/Jornada%20nas%20estrelas , não posso deixar de citar o endereço do site dos trekkers brasucas: http://www.trekbrasilis.org/

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cenoura marroquina


(para 4 pessoas)

Adoro preparar esse prato fácil e rápido que costumo servir no aperitivo como tira-gosto. Além de ser delicioso e surpreendente, é muito mais saudável que as costumeiras batatinhas e outros salgadinhos, verdadeiros hinos ao empanturramento!


A harissa em pó não é fácil de encontrar no Brasil e pode ser substituída por uma pimenta-malagueta com as sementes, finamente picada.

Pelo mesmo motivo, o tempero ras el hanout é facultativo. Pode ser substituído por ½ colher (café) de gengibre em pó misturado com pimenta-da-jamaica em pó.
Dependendo da minha vontade gustativa, às vezes acrescento um pouco de alecrim ao preparo, junto com os demais temperos, para dar “aquele gostinho especial”.

Ingredientes

· 4 cenouras médias
· 2 dentes de alho
· ½ colher (café) de páprica picante
· ½ colher (café) de cominho em pó
· ½ colher (café) de ras el hanout
· ¼ colher (café) de harissa em pó
· 1 colher (café) de salsa picada
· 1 colher (café) de coentro picado
· pimenta-do-reino
· alecrim (facultativo)
· azeite de oliva
· sal
· água

Preparo

Descasque as cenouras e corte-as em cubinhos (ou rodelas, conforme a grossura da cenoura).

Descasque e pique os dentes de alho.

Em uma panela refratária, aqueça uma colher (sopa) de azeite de oliva.

Refogue os cubos de cenoura e o alho picado, mexendo para que não grudem.

Acrescente ao preparado a harissa, a páprica, o cominho e o ras el hanout. Adicione o sal e a pimenta-do-reino a gosto.

Junte a água fria até cobrir, e mexa mais um pouco.

Deixe cozinhar na panela semitampada, em fogo brando, até que a água evapore. Acrescente a salsa e o coentro.

Sirva morno ou frio, conforme o gosto.