quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A volta das cocotes


As cocotes estão de volta. Não as mulheres mundanas da passagem entre os séculos 19 e 20, que inspiraram tantos autores, como Émile Zola e Marcel Proust, mas as cocottes, que em francês são “panelas de barro” ou “de ferro fundido” em que se preparam pratos tradicionais, geralmente refogados com amor e paciência.

E as cocottes se modernizaram tornando-se mignonnes, ou seja, de tamanho individual para que cada um possa saborear uma comida caseira, refogada, quentinha dentro de uma panelinha com tampa. Depois da moda das verrines (pequenos copos individuais para servir caldos e entradas frias ou quentes), e as "colheres para degustação", as cocottes são a nova tendência de uma culinária francesa que quer resgatar gostos tradicionais e adaptá-los à modernidade.

Nada mais chique e ao mesmo tempo aconchegante que usar essas panelinhas individuais para apresentar os mais tradicionais refogados. Porque a comida refogada é a base da culinária de muitos países, e sempre remete a lembranças da infância, da comida maternal, da tradição. Ou seja, de repente essas cocottes têm certo efeito terapêutico, como um certo gosto de revivescência na nossa época, em que tudo tem de ser trend, brand, espumoso e diferente. Em que nosso olfato e paladar, antes de tudo, têm de entender o que é hype e digerir sem arrotos qualquer nova tendência.

Nessas horas, a cocotte é absolutamente freudiana, emocionalmente apaziguadora e muito bonita. Porque essa mundana se tornou fashion, adotando novas linhas e cores, mas com respeito às regras básicas do bem-estar, formas redondas, alças para agarrar e tampa para manter tudo quente. Toque sensual, quase sexy, melhor ainda que um programa da Nigela Lawson.


E ao falar nas cocottes, não posso omitir o restaurante do mesmo nome de Christian Constant, situado no 133 rue Saint Dominique, em Paris, e em que todos os pratos são servidos nessas panelinhas ou em verrines. Christian Constant foi chef do restaurante Les Ambassadeurs do hotel Crillon, em Paris, antes de abrir seu próprio negócio. Hoje, Christian Constant tem três endereços: Les Cocottes, Le Violon d'Ingres e o Café Constant, todos situados na rue Saint Dominique.

Tive a oportunidade de almoçar no Violon d'Ingres, em que não experimentei as famosas cocottes, mas pratos bem interessantes, embora eu tenha ficado um pouco decepcionado com o ambiente um tanto frio e o ris de veau que achei um pouco convencional e malpassado demais para o meu gosto. Mas, pelo menos, tive o prazer de dividir o espaço com ninguém menos que Charles Aznavour...

Pois é, parece até comentário de cocote... Para mostrar o quanto voltaram à moda!

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