segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tiffany em Paris

O Musée du Luxembourg, em Paris, recebe até 17 de janeiro de 2010 a primeira exposição monográfica de Louis Comfort Tiffany (1848-1933) na Europa.

Filho do empresário Charles Lewis Tiffany, fundador da famosa empresa Tiffany & Co., Louis Comfort Tiffany foi um artista cuja importância é cada vez mais reconhecida, justificando assim plenamente a realização dessa mostra.


A exposição aborda a carreira do artista não somente de um ponto de vista cronológico, mas também temático, com ênfase nos maravilhosos vitrais concebidos por Tiffany e o fascínio que ele tinha pela natureza, a representação de temas vegetais, animais, mas também pelo aspecto religioso. A sua inacreditável criatividade, junto a uma ousadia técnica sempre renovada, faz deste artista um dos mais importantes na virada do século 20, em movimentos artísticos como o Art Nouveau ou o Simbolismo.


Inspirando-se de início em temas orientais, Tiffany vai ao longo de sua carreira desenvolver o gosto pelo exotismo e as inovações tecnológicas. Assim, ele soube utilizar a chegada de eletricidade para criar maravilhosas luminárias inspiradas na natureza, e em que a luz se torna elemento preponderante para que cores e temas pareçam orgânicos, ou seja, vivos.

Tiffany foi um dos artistas americanos mais importantes do começo do século 20, com talento reconhecido e premiado, notadamente na Exposição Universal de 1900, em Paris, e seu legado se estende não apenas à realização de vitrais, mas também de pinturas, joias ou cerâmicas.

Tiffany também foi empresário, tendo criado desde o fim do século 19 a Stourbridge Glass Company, que empregou vários artistas responsáveis pela realização das obras concebidas por ele, e realizou muitos trabalhos de encomenda para magnatas ou estadistas.

E manteve por toda a vida estreitas relações com a Tiffany Company, da qual se tornou diretor artístico depois da morte de seu pai, em 1902.

Por fim, dedicou muito tempo e esforços à construção de sua mansão, Laurelton Hall in Oyster Bay, Long Island (NY), de mais de 240.000 m2 e 84 cômodos, que infelizmente, após ter sido doada à sua fundação para estudantes de artes, e vendida em 1949, acabou sendo destruída por um incêndio em 1957.

Por todos esses motivos, a exposição L. C. Tiffany – Couleurs et Lumière do Musée do Luxembourg é algo incontornável para quem estiver visitando a capital francesa até o próximo mês de janeiro.

Maiores informações podem ser encontradas no site http://www.museeduluxembourg.fr/

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

As filhas de Kate

A hoje sumida Kate Bush, egéria dos anos 1980, continua presente na voz de novas artistas que não escondem nos seus trabalhos o quanto a obra dessa cantora foi e permanece importante e atual.

A cantora francesa Émilie Simon acaba de lançar o CD The Big Machine, que remete diretamente ao trabalho de Kate Bush. Já no terceiro disco da carreira, Émilie Simon ficou conhecida pelo sucesso da canção "Desert", do CD de estreia, que foi remixada por vários artistas e DJs, entre os quais Thievery Corporation. Ela ficou ainda mais conhecida internacionalmente por ter composto a trilha sonora original do filme A marcha dos pinguins, grande sucesso internacional que lhe rendeu vários prêmios.

Hoje radicada em Nova York, Émilie Simon mostra com The Big Machine uma verdadeira maturidade artística. Sua voz remete imediatamente ao estilo tão peculiar de Kate Bush, assim como certa complexidade musical e um inegável senso de melodia. Contudo, a própria Émilie Simon ainda cita Laurie Anderson, outra figura marcante dos anos 1980, e a cena nova-yorkina da mesma época como fontes principais de inspiração deste novo trabalho.

Com o engenheiro de som Mark Plati (que já trabalhou com David Bowie) e a participação dos artistas Kelly Pratt (Arcade Fire) e John Natchez (Beirut), além da utilização de surpreendentes recursos como instrumentos tradicionais chineses, Émilie mostra toda a diversidade e riqueza de seu talento, fazendo com que The Big Machine seja desde já um dos discos mais marcantes deste ano.


Marina Diamandis, por sua vez, está ainda no começo de uma carreira que parece ser bem promissora. Esta cantora galesa, que assina seu trabalho sob o nome Marina and The Diamonds, acaba de lançar um EP intitulado The Crown Jewels, com três ótimos títulos, entre os quais a irresistível canção "I am not a Robot", que tem cara de hit instantâneo. De novo, a influência de Kate Bush e também de Björk são onipresentes nas composições e no canto de Marina, cujo primeiro CD deve ser lançado em breve.

O site de Émilie Simon http://www.myspace.com/emiliesimonmusic permite ouvir alguns títulos da artista, e o clipe da canção "Dreamland" no YouTube é imperdível http://www.youtube.com/watch?v=-tq1KmWW_n4&feature=fvsr

Da mesma forma, as músicas de Marina and The Diamonds podem ser descobertas no site http://www.myspace.com/marinaandthediamonds

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Giovani cantanti

Boas notícias musicais chegaram recentemente da Itália, que continua produzindo talentosos artistas, ainda pouco conhecidos aqui.

A cantora de jazz Roberta Gambarini, que infelizmente teve que cancelar sua participação no Tim Festival de 2007 por motivos de saúde, acaba de lançar um lindo trabalho intitulado So in Love, no qual ela confirma ser umas das artistas mais promissoras da nova geração.

Originária de Turim, Roberta Gambarini vem conquistando um merecido sucesso internacional desde seu CD de estreia, Easy to Love (2006), indicado ao Grammy de 2007 na categoria Melhor Album Vocal de Jazz. You Are There, de 2008, que tem notadamente a participação do pianista Hank Jones, confirmou as expectativas geradas pelo primeiro trabalho.

So in Love conta com músicos tão prestigiosos quanto James Moody, Roy Hargrove, Tamir Hendelman para servir um repertório em que Roberta Gambarini brilha ao interpretar clássicos do jazz como “Get out of Town”, “From this Moment on” ou “You Must Believe in Spring”, mas também canções dos Beatles, “Golden Slumbers” e “Here, There and Everywhere”, ou ainda o sucesso italiano “Estate”. Destacam-se a belíssima gravação de “Crazy”, sucesso na voz de Patsy Cline, e o medley da trilha do filme Cinema Paradiso.


Se Roberta Gambarini ainda não teve a oportunidade de tecer laços musicais com o Brasil, isso não é definitivamente o caso de Rosália de Souza. Nascida em Nilópolis (RJ), Rosália está radicada na Itália desde 1989 e acaba de lançar seu terceiro CD, intitulado D’improvviso.

Ainda pouco conhecida no Brasil, Rosália de Souza já tem uma carreira muito bem-sucedida na Europa. Sem dúvida, o encontro com Nicola Conte foi preponderante para a revelação do talento dessa cantora graças ao sucesso do disco Garota moderna (2004), que ele produziu. Embora esse trabalho tenha mergulhado na onda de sucesso da bossa eletrônica naquela época, Rosália soube não se repetir, mudando espertamente o foco musical no segundo trabalho, Brasil precisa balançar (2006), disco essencialmente acústico, gravado no Rio de Janeiro e produzido e arranjado por Roberto Menescal. Nesse ótimo trabalho, Rosália interpreta músicas do próprio Menescal (“Agarradinho”, “Mar amar”), mas também de Tom Jobim (“Vivo sonhando”), Johnny Alf (“O que é amar”), ou ainda “Que bandeira”, de Marcos Valle, que também participou da gravação.

D’improvviso segue o mesmo caminho, propondo um repertório muito bem escolhido e arranjos em que a bossa nova e o samba vão ao encontro do jazz, dando ao disco um swing e uma tonalidade particularmente agradáveis. Obras de compositores renomados – “Banzo” de Marcos Valle, “Carolina Carol Bela” de Jorge Ben, “Cantador” de Dori Caymmi, “Opinião” de Zé Keti, “Sambinha” de César Camargo Mariano ou ainda “Quem quiser encontrar o amor” de Carlos Lyra – convivem harmoniosamente com as composições de jovens artistas como Tomaz di Cunto, compositor paulistano conhecido pelo apelido de Toco, que já tem dois discos lançados e participa de três faixas do disco. Outro achado é a ótima composição “D’improvviso”, de Aldemaro Romero e Terenzi. Enfim, vale ressaltar os excelentes músicos, entre os quais o talentoso trompetista Fabrizio Bosso, que já trabalhou com Phil Woods e Stefano di Battista.

A página oficial de Roberta Gambarini é uma boa opção para descobrir o trabalho dessa cantora:
www.myspace.com/robertagambarini

Da mesma forma, o trabalho de Rosália de Souza pode ser ouvido no endereço
www.myspace.com/rosaliadesouzampb

domingo, 6 de setembro de 2009

Picadinho oriental

(Para 4 pessoas)

A culinária oriental tem sabores e perfumes tão sutis e originais que não há por que estranhar seu sucesso internacional.

Apesar disso, todavia, para muitos ocidentais ainda soa estranho trazer esses sabores, ingredientes e temperos para o fogão, e a comida oriental acaba sendo mais consumida aqui em restaurantes ou por meio dos inefáveis deliveries de gosto padronizado (shoyu, shoyu, shoyu!).

Esta receita, fácil de preparar, não requer ingredientes estranhos nem a destreza dos sushimen. É um modo simples de trazer à mesa uma comida diferenciada e com requinte suficiente para surpreender e agradar a todos.


Ingredientes

  • 600 g de lombo suíno
  • 250 g de batata-doce
  • 1 alho-poró
  • 6 cogumelos chineses pretos (ou shiitakes) desidratados
  • 1 galho de salsão com folhas
  • 1 pedaço de 5 cm de gengibre fresco ralado
  • 1 pimenta malagueta picada
  • 1,5 colher (sopa) de shoyu
  • 1,5 colher (sopa) de saquê
  • 150 ml de caldo de galinha
  • óleo de gergelim
  • maisena
  • água

Preparo

Corte o lombo em cubinhos e deixe-os marinar por 30 minutos no shoyu com saquê.

Enquanto isso, reidrate os cogumelos na água morna.

Corte a batata-doce em cubinhos.

Corte a parte branca do alho-poró em rodelas e pique a parte verde.

Pique o galho de salsão e as folhas.

Em uma panela wok ou frigideira doure os pedaços de lombo no óleo de gergelim (em duas ou três vezes para que fiquem bem dourados) e reserve a marinada.

Na mesma frigideira, refogue rapidamente (1 minuto) o alho-poró, o salsão, o gengibre e a pimenta-malagueta. Acrescente os cogumelos e a batata-doce e deixe por mais 2 minutos.

Despeje os legumes refogados em uma panela.

Acrescente o lombo, a marinada e o caldo de galinha, e deixe cozinhar por 20 minutos em fogo muito brando, mexendo de vez em quando.

Dilua a maisena em um copo com um pouco de água e despeje no preparo para que o molho engrosse.

Sirva em seguida, acompanhado de arroz (branco ou basmati).