O disco Foreign Affairs é de 1977, portanto anterior a essas mudanças e talvez menos conhecido do grande público. Trata-se do 5º disco da carreira do compositor e talvez seja o trabalho em que Waits mais se aproxima do blues e do jazz.
Além do quinteto composto por Tom Waits: piano e vocais, Jim Hughart: baixo, Shelly Manne: bateria, Frank Vicari: saxofone tenor, Jack Sheldon: trompete, o disco também conta com a participação do clarinetista Gene Cipriano na faixa "Potter's field". Os incríveis arranjos de cordas de Bob Alcivar (que trabalhou com os Beach Boys, The Association, Sergio Mendes, Jack Jones, entre outros) criam uma atmosfera musical que faz com que esse disco lembre por vezes o clima típico dos filmes noir dos anos 1940 e 1950. A emocionante balada bluesy “Muriel” compete com a efusão verbal de “Potter’s field”, sem dúvida a faixa mais jazzística do disco, junto com o medley "Jack & Neal/California, here I come", cujo clima remete ao de filmes como Os assassinos (The Killers – Robert Siodmak, 1950), O segredo das joias (Asphalt Jungle – John Houston, 1950), ou ainda Ascensor para o cadafalso (Ascenseur pour l’échafaud – Louis Malle, 1957).
O disco traz também a deliciosa canção “I never talk to strangers”, com a brilhante participação de Bete Midler em um bem-humorado dueto com Waits.
Em 1978, Tom Waits produziu ainda Blue Valentine, que, de certa forma, é o irmão gêmeo de Foreign Affairs, apesar de ser mais elétrico e menos orquestral. Os dois discos representam bem o estilo do artista nessa primeira fase da carreira, que encontrará sua quinta-essência alguns anos depois, no disco One from the Heart.
Por fim, vale notar a ótima foto em preto-e-branco que ilustra a capa do disco, cujo autor é George Hurrel, fotógrafo bem conhecido pelos retratos que fez de artistas de Hollywood. A mulher que abraça Waits na foto é a cantora Ricky Lee Jones, namorada do artista na época.
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